Capítulo 96

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Cheguei no quarto de Hugo e nem bati, ele não iria falar mesmo. Ele estava perto da janela na poltrona encarando o jardim do lado de fora. Me sentei ao seu lado e encostei minha cabeça em seu ombro. O choro que segurei foi mais forte agora e não consegui conter. Hugo se afastou e ficou me olhando antes de me puxar para um abraço.

- Fala comigo Hugo, eu sei que é difícil mas fala comigo por favor. - pedi e toquei em seu rosto o acariciando. Os seus olhos estavam vermelhos e ele desviou o seu olhar encarando o chão.
- Eu não sei o que falar. - sussurrou e o fiz me olhar.
- O que você está sentindo, porque está assim quieto, calado?
- Eu... - respirou fundo limpando as lágrimas - Não sei como superar esta dor.
- Não se supera Hugo, aprendemos apenas a conviver com ela.
- Lembra quando a gente era criança e o papai ficava mais tempo em casa brincando com a gente? - assenti - Ele nos ensinou como andar de bicicleta, nos ensinou como ser educados e espertos, nos ensinou a subir naquela árvore ali. - apontou para o pé de laranjeira que ficava de frente para a janela do seu quarto - Ele nos ensinou tanta coisa, me ensinou a jogar futebol, a dirigir antes de ter a carteira.
- Mesmo sendo ausente na adolescência ele nos preparou para isso na infância.
- É, mas quando ele passou a ficar mais tempo lá em casa a gente se aproximou bastante e tudo aquilo que éramos enquanto eu era criança voltámos a ser agora. Ele ficava comigo no estúdio, me ajudava a compor algumas músicas, ele ficava com a Gaby para a Bruna fazer alguma coisa ou descansar um pouco. E agora tudo se foi.
- Nada se foi, as lembranças ficam para a gente recordar com alegria Hugo.
- O pai falava que você tinha crescido rápido demais, que já estava casada, cuidando de uma casa e de uma filha, que tinha o seu trabalho e estudava. Ele se orgulhava muito de você Larica e dizia que você o fez viver muitos momentos que ele queria viver antes de falecer.
- Ele também viveu vários momentos seus meu amor.
- Mas ele não estará no altar quando eu me casar, ele não estará aqui para me ouvir. Além do Luan o pai era o meu melhor amigo, eu contava tudo pra ele.
- O pai faz sempre falta na vida de um filho. - constei - Mas você vai conseguir aceitar isso, tem de conseguir. Você tem tantas parecenças com o pai, ele não poderia deixar um melhor legado aqui.
- Você acha que ele pensaria isso? - me encarou receoso.
- Tenho certeza, e nos momentos que a gente irá viver ainda, ele estará junto, em nossos corações.
- Eu queria que ele visse a Gabriela crescer sabe? Que ele visse o quanto ela será linda.
- Ele verá. Ele partiu feliz Hugo, ele falou isso.
- Você tem razão, ele não iria gostar de me ver deste jeito. - sorri pequeno para ele que retribuiu e beijou minha bochecha. - Obrigado por me ouvir minha bonequinha.
- Sempre aqui pra você. - o abracei. - Agora vamos descer que eu tenho uma novidade pra contar para todo o mundo.
- Novidade? Que novidade?
- Vamos descer e você já saberá. - pisquei o olho e saímos abraçados.

Assim que descemos as escadas todo o mundo nos olhou esperançosos. Hugo se sentou perto de Bruna e ainda o olhava preocupada.

- Está tudo bem. - Hugo tranquilizou.
- Graças a Deus. - Bruna falou aliviada e o abraçou forte lhe arrancando um sorriso de ternura.
- Lu vem aqui por favor. - o chamei e ele me olhou estranho mas se levantou vindo até mim.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, mas eu quero anunciar para a galera. - lhe sussurrei.
- Está preparada? Não será melhor esperar?
- Não, eu tenho certeza que desta vez tudo vai correr bem, eu sinto isso.
- Nem vou questionar isso aí, você é mãe é quem sabe. - riu fraco e beijou meu rosto me abraçando de lado.
- Gente pedia a vossa atenção por favor. - falei mais alto e todos nos olhavam.
- Temos uma novidade pra contar. - Ouvi Bia traduzir tudo para os meninos que também estavam curiosos.
- Novidade? Contem logo. - Marquinhos incentivou e era nítido que todos esperavam ansiosos.
- Estou grávida. - falei de repente e vi os olhos de todo o mundo se arregalarem e rindo em seguida.
- Grávida Maria Clara? - minha mãe veio até nós não acreditando. - Seu pai iria ficar tão feliz.
- Ele ficou sabendo mãe. - sorri fraco e a abracei.
- Finalmente o baby Luanzinho vem a caminho. - Douglas fez graça.
- Ou uma baby Clarinha. - Felipe returcou.
- Graças a Deus terei um afilhado. - Bruna falou engraçado e vi Bia a fuzilar sabendo que vinha disputa.
- Afilhado querida? Sabe como você está agora sentada? Então, continua esperando.
- Sua demente será meu afilhado sim.
- Veremos né Ma?
- Não me coloquem nisso por favor.
- Parabéns Maria. - Logan foi o primeiro a me parabenizar.
- Obrigada Logan. Espero que você venha me visitar para conhecer o seu sobrinho. - brinquei.
- Claro que venho, será muito mimado.
- Larica. - Hugo surgiu e vi em seu olhar que estava emocionado - Parabéns e obrigado por este presente, Deus nunca tira nada sem dar depois.
- Obrigada Huguinho. - o abracei por imenso tempo.

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