- Moço não é preciso empurrar. – reclamei sentindo meu coração batendo freneticamente. Só pensava em Cecília e Luan, será que meu pai estava bem? Que Deus me ajudasse.
- Cala a boca gostosa.
- Vai te foder. – gritei e levei outro tapa, mas desta vez mais forte. Lágrimas desceram pela minha cara e em segundos desmaiei novamente sentindo o cheiro do pano de antes.

Luan On:

- Filho vai comer, você não comeu nada desde que chegou em São Paulo.
- Não quero comer pai.
- A polícia chegou. – Rober avisou e vi os policiais entrarem.

Falei com eles tudo que sabia e tentaram rastrear o celular do número desconhecido que me ligou, mas não encontraram nada, raio de celulares descartáveis. Liguei para o porteiro do prédio pedindo que me enviasse os vídeos de vigilância daquela manhã, talvez reconhecendo a matrícula e o suposto taxista conseguíssemos chegar a Clara.

- Luan eu penso que não passa de um sequestro normal de alguém que usou da sua posição social e quer uma boa quantia em dinheiro, não acredito que algo de mal aconteça com a vítima.
- Só pode policial, meu filho não tem inimigos capazes de chegar a esse ponto. – meu pai explicou e alguém passou na minha cabeça.
- Paulo. – falei e todos me olharam.
- Paulo?
- Sim policial, tenho a certeza que foi ele.
- Como pode ter tanta certeza? Quem é ele afinal?
- Um cara que trabalhava numa agência e abusava das meninas que iam fazer audições, tentou abusar da Clara, mas foi bem no dia que eu fui lá escolher a bailarina para o meu clipe e a vi saindo correndo da sala, mais tarde fiquei sabendo do que aconteceu e fui atrás dele acabando com a carreira que ele tinha.
- Mas porque ele voltou agora?
- Na semana passada a gente se encontrou numa balada, ele ameaçou a mim e á Clara, eu não quis lhe dar moral, mas parece que ele está realmente se vingando e justamente na pessoa mais importante da minha vida. – choraminguei com raiva. Eu iria acabar com ele desta vez, ah se ia.
- Tem uma morada que nos possa dar?
- Não, depois daquela situação na agência não fiquei sabendo mais nada.
- Basta o nome completo e a idade.
- Não lembro. Rober liga pro Roberto. – pedi e ele logo atendeu nos dando as informações após uma breve explicação, claro que não contámos sobre Clara, apenas que ele tinha feito besteira.

Os policiais pesquisaram na base de dados e encontraram uma morada, mas não era de São Paulo, o que nos levou novamente para a estaca zero. As imagens de vídeo não eram muito percetíveis, mas pela claridade da manhã foi facilmente identificado o rosto do taxista que em nada parecia o Paulo.

- Ele não tem cadastro. – informaram. - E a matrícula é de um táxi roubado há uma semana atrás.
- A gente tem de fazer alguma coisa. – pedi firme, não dava pra ficar nesse impasse.
- Já são três da tarde, com certeza teremos notícias do sequestrador.

Longas duas horas passaram e finalmente a mensagem chegou. "18h30 nos galpões da Vila Mariana, 1 milhão em troca da sua noiva. Vem sozinho ou então se despeça dela." Os policiais moverem um pequeno número de outros policias treinados para estas situações. Meu pai foi no banco e levantou todo esse dinheiro, sei que era demais e que o banco não estava preparado, mas a polícia ajudou por se tratar de mim e da sensibilidade do caso. Mala fechada, chave do carro nas mãos, parti para a tal vila Mariana, não conhecia nem nunca ouvi falar. Decidi ir num carro mais normal e não luxuoso. Os policiais colocaram um microfone pequeno escondido no meu casaco e um rastreador entre um conjunto de notas. Segui as indicações do GPS e em uma hora cheguei lá. Meu celular tocou e atendi imediatamente.

- Luan o que está acontecendo?
- Hugo não é uma boa hora pra gente falar.
- Luan estou preocupado com a minha irmã, me conta tudo agora.
- Sério Hugo, depois conversamos. Seu pai está bem?
- Está estável, foi uma baixa de pressão e algum desequilíbrio emocional, não entendemos porquê, mas ele está bem é o que importa.
- Ao menos isso, depois a gente fala. – desliguei e estacionei o carro saindo. Já estava na hora. Os policiais provavelmente se espalharam e se organizaram por ali e eu só esperava que não tornassem a situação pior.

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