Caverna Sob Casa Abandonada

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Álvaro aceitou a ajuda. Ele é quem devia ser o verdadeiro louco entre os dois, afinal. O sujeito se apresentou como "Imperador Mustafá" e ficou contente por Álvaro aceitar sua ajuda. Mustafá foi até uma lata de lixo e começou a revirá-la até pegar uma garrafa de vidro de refrigerante. Da metrópole de onde viera, uma das marcas mais difundidas era a "Pop Drops", mas ali em Santa Helena havia um refrigerante muito distinto chamado "Gocce di Luna" que tinha uma gama de sabores esquisitos em seu catálogo; violeta e canela, mirtilo e anis estrelado, maçã caramelizada, romã e cereja, abóbora, beterraba flambada e mel, coisas assim. A garrafa de vidro que Mustafá tinha pegado, entretanto, era simplesmente de uva. Ele continuava falando coisas sem sentido, como dizer que aquela garrafa de refrigerante recém descoberta no lixo era um "detector de armadilhas" e saiu andando a passos largos e desajeitados em direção ao casarão abandonado, pondo a garrafa no olho como um tipo de luneta.

Com a garrafa de refrigerante de uva, entretanto, Mustafá foi capaz de realmente evitar todas as armadilhas do caminho de Álvaro. Ou ao menos o garoto achou, talvez não tivesse armadilhas ali, mas resolveu confiar na palavra de Mustafá.

No fim eles atravessaram toda a casa até chegarem na entrada do porão, Mustafá evitou mais algumas armadilhas olhando através da garrafa e finalmente parou antes do que parecia um tipo de caverna subterrânea que se ligava ao porão da casa. Mustafá disse que deveria se despedir de Álvaro ali, pois já tinha cumprido seu papel e desejou sorte a Álvaro. O garoto agradeceu a ajuda do suposto "Imperador" e pediu a ele a "luneta mágica que ajudava a enxergar armadilhas escondidas", no que Mustafá respondeu:

— O quê? Isso? Não seja louco, menino, isso é só uma garrafa de refrigerante velha! Ademais, você está livre de armadilhas daqui para frente, mas cuidado... cuidado mesmo, um kobold é mestre nessas coisas e, talvez, se for um particularmente poderoso, pode conjurá-las de onde estiver. E também cuidado com as ilusões.

— Quanto a isso, vim preparado. — Álvaro lhe mostrou a varinha que Gealach lhe dera.

— Bom saber. Desejo-te sorte, jovem. Hã? O que disse, César? — Ele colocou a mão em forma de concha ao redor da orelha, como se quisesse ouvir o amigo imaginário dele, — ah, o César mandou falar que você deve confiar em si mesmo, mas não tanto a ponto de se tornar descuidado e arrogante, ele disse para não confiar tanto no seu status de protagonista. Sei lá o que isso quer dizer! Desculpa, às vezes o César diz umas coisas estranhas mesmo. Devemos nos despedir agora, eu devo ver César ser coroado Príncipe dos Patos Reais, uma honra só a ele concedida. Sim... e antes disso devemos passar no coral dos girinos falantes, afinal eles estão ensaiando para uma apresentação muito especial que só ocorre a cada mil anos! Adeus, adeus, nunca esqueça de dançar com os unicórnios enquanto aprecia o brilho das estrelas que caem! — Ele recuou dois passos antes de sair dali dando cambalhotas para trás.

"Que sujeito maluco... mas deve ser só um cidadão médio de Santa Helena", foi o que Álvaro pensou vendo Mustafá se ir.

Quanto mais adentrava a caverna, mais Álvaro ouvia o som de gemidos e choro crescer, até que chegou numa câmara que parecia a mistura de caverna e porão da casa abandonada, lá havia estantes com coisas estranhas, brinquedos presos em redomas e potes de vidro azul escuro, uma iluminação fraca e estranha e uma criança presa em cordas, enfraquecida, clamando por socorro com voz de choro.

Uma criatura não muito maior do que uma criança andava de lá para cá, como se preparasse algo. Ele pareceu farejar algo no ar e se surpreendeu de ver Álvaro chegar ali.

— Quem diabos é você?! — Ele vociferou contra o garoto.

Álvaro sacou a espada das costas. Maldrekggart silvou de medo e ódio quando viu luzir o fio da espada sob a enfraquecida luz da caverna. Na mão esquerda, Álvaro portava a varinha.

Máscara LunarTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang