Um Começo Não Muito Animador

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Hex movia suas patas dentro do carrinho mexendo no que parecia ser um tipo de pequena alavanca, com isso ele parecia controlar para onde seu pequeno veículo ia.

— Sabe como é, né, garoto, andar dá trabalho demais. — Disse o gato malandramente. Só então Álvaro percebera que se havia se decepcionado tanto por estar esperando coisas muito mágicas e deslumbrantes, que nem percebeu o incomum fato daquele gato falante num carrinho mágico que andava aparentemente sozinho.

 Apesar disso, o mundano parecia ser mais visível, pois para seguirem seu rumo ao lugar que deveriam ir, não usaram nada de mágico. Nada de portais mágicos de teletransporte, nem vassouras ou tapetes voadores, nem mesmo cavalos com asas, o transporte do velho era só um fusquinha amarelo e bem acabado por sinal. Álvaro se preparou para sentar no banco da frente, mas o carrinho de passeio de Hex logo entrou na frente.

— Foi mal, garoto, eu vou na frente. Questão de segurança, sabe? O velho aí de vez em quando costuma dar uns desmaios enquanto dirige, então eu que tenho que assumir o volante quando esse inconveniente acontece.

— Isso... isso é algum tipo de piada, certo?

— Pior que não garoto, pressão baixa. — O velho falou sem preocupação alguma, sentando no banco do motorista. Álvaro foi para o banco detrás. O estofado era acabado e pinicava, mas ele não ficou muito tempo lá de qualquer maneira. O fusca não estava pegando, então o velho mandou ele sair do carro para empurrar. Sério, aquilo não era nada do que o garoto esperava.

Já no carro que parecia engasgar à cada passada de marcha, o gato sugeriu ao velho fazer um pequeno passeio pela cidade com o jovem garoto. A cidade parecia interessante, uma aura de estranheza e mistério, tinha uma arquitetura interessante e decoração peculiar. Álvaro se animou com aquela possibilidade. Se havia algo de realmente mágico por aí com certeza estava ali em volta, naquelas ruas da cidade e não na lata velha amarela do velho. Ambrose, no entanto, apenas resmungou:

— Ta me achando com cara de guia turístico?

— Ah, deixa de ser ranzinza! Qual foi a última vez que você saiu de casa que não fosse para ir a um bar xexelento ou ir apostar as coisas que você não tem? O garoto tem que conhecer a cidade, poxa!

— Beleza, então joga um mapa pra ele e um exemplar daquelas cartilhas de "conheça nossa cidade". Não tem muito o que ver aqui, afinal.

— Bom, velhote, eu devo te lembrar que você ficou de passar na loja, a Eleonora tá pedindo sua ajuda há um tempo, a velha Costa já está há uns três dias pedindo ervas pro neto dela, aparentemente nenhuma está tendo efeito.

— Aquela velha é maluca e o neto dela provavelmente só é preguiçoso igual a maioria desses jovens.

— Pode ser só maluquice dela mesmo, mas mesmo assim é bom dar uma passada por lá, a velha é uma das suas mais antigas e fieis clientes.

— Hum, certo!

Então o velhote dirigiu aquele fusca velho que engasgava constantemente até uma lojinha em que se lia um letreiro não tão convidativo "Aureolus: Plantas, Fungos e Ervas". Saímos do carro, Hex de alguma forma conjurou aquele carrinho de antes e Álvaro mal conseguiu ver como. O gato e Ambrose se dirigiam à entrada simples da lojinha de plantas quando um sujeito gritou pelo velho:

— Velho Ambrose, acordado antes do meio dia, hein? Mas que surpresa!

Vindo pela calçada Álvaro notou um sujeito, que pela farda, parecia ser algum tipo de guarda ou policial. Ele tinha um narigão redondo e avermelhado, parecia ser careca sob o quepe e tinha uma barriga muito proeminente e arredondada.

Máscara LunarWhere stories live. Discover now