Kobold

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Vendo que todos a estavam encarando, Beatrice olhava de um lado para o outro e pareceu ficar acuada, em seguida saiu dali, correndo como uma criança travessa que tinha percebido que passara dos limites e tinha quebrado alguma coisa cara dos pais.

Enquanto ela saía de lá fungando, ela passou por um homem de meia idade, que vinha até ali confuso.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou o dono ou gerente da livraria, vendo aquele mini caos. Era um homem de meia idade, baixinho, com uma basta cabeleira cacheada castanha, costeletas de mesma cor e que usava colete ornamental sobre camisa branca. Definitivamente aquele homem destoava do cenário e também dos frequentadores do Grimório Obsidiana. - Ah, então é você de novo, sr. Jasper Umbra.

Jasper se levantava tonto, vários volumes de livros ao redor dele.

— Dessa vez acho que mereci. — Ele falou despreocupadamente. Ele ainda tinha um exemplar de "A Corte de Rosas Crepuscular dos Lobos Uivantes" nas mãos e mostrou exatamente a capa onde havia os personagens principais, uma donzela de aparência ingênua em meio à três homens altos de corpos esculturais e rostos perigosamente perfeitos. — Radu, olha o peitoral desse vampiro, quanto sangue com esteroides você teria tomar para ficar assim?

Antes que ouvisse o que Radu ia responder, Álvaro sentiu um toque seu ombro e então ouviu Eleonora lhe dizer:

— Eu acho melhor você ir ver como a Beatrice está, ela pareceu sair daqui chorando.

— E daí? Eu não dou a mínima para ela, é insuportável!

— Não fala assim, Álvaro, ela deve ter os motivos dela.

— Tem. Arrogância desmedida.

— Você não conhece ela direito. Essa é uma oportunidade para isso, sabe? Quem sabe vocês não se entendem?

Aquela garota era muito legal, era o que Álvaro estava pensando naquele momento. Eleonora, claro, não a Beatrice Diana Liddell não sei das quantas. Um pouco a contragosto ele foi.

Álvaro encontrou a garota sob a sombra de uma árvore, soluçando baixinho, mas como se Beatrice fosse muito orgulhosa para chorar feito uma pessoa normal, entre os soluços, havia rosnados de uma fúria contida. Em suma ela parecia estar "chorando" mais de raiva do que de tristeza. O garoto tinha quase certeza de que as lágrimas dela tinham uma grande possibilidade de serem feitas de veneno ou de ácido, ou ainda de algum material que misturava as duas coisas. A garota percebeu sua presença ali, logo se virou rosnando e rapidamente conjurando aquela abóbora de sorriso malicioso e brilho ameaçador que ela usara para atacar Jasper. Aquela luminosidade feroz vinda da abóbora rajava os olhos da garota, lhe dando um aspecto que de fato apavorava.

— O que você quer aqui?! — Ela rosnou em voz alta, — veio rir de mim? Veio rir de mim, não foi? Eu te mato!

— Ei, calma, não vim aqui rir de você.

— Mentiroso! Aposto que veio aqui rir de mim! Foi engraçado, não foi? Ah, ah, ah! A patética Beatrice Louise Diana Liddell Novalis!

"Quanto drama," Álvaro pensou, "não foi tão ruim assim".

— Por mais que eu quisesse dizer o contrário, não, eu não vim aqui rir de você.

— E veio pra quê, então? Você estava rindo antes! Veio aqui pra quê? Nem vem me dizer que se preocupa comigo! Me diz, anda! — Veias saltavam na testa dela, os olhos marejados, avermelhados.

— Eu... — A abóbora explosiva de sorriso maléfico agora estava estalando com a energia mágica nervosa da garota. — Essa magia foi algo surpreendente, eu queria saber onde você aprendeu.

Máscara LunarWhere stories live. Discover now