Máscara Lunar

Elos

Maldrekggart resmungava constantemente sobre "o garoto", isto é, Álvaro, ter cortado ele com ferro frio e que o ferimento poderia infeccionar, constantemente bradando que conhecia seus direitos. Um dos agentes apenas resmungou de volta que ele nem sequer deveria estar "no nosso mundo" e que goblins deviam saber seu lugar. Aquilo pareceu deixar Maldrekggart ainda mais chateado e ele ficou resmungando sobre não ser um goblin e sim um kobold, no que o outro agente respondeu que era tudo a mesma coisa, enquanto carregava a pequena criatura pela cauda.

Mesmo com a criança tentando dizer que Álvaro a tinha salvo das garras do kobold, os agentes levaram Álvaro como um possível suspeito. Eles fizeram muitas perguntas, tanto para Álvaro, como para Maldrekggart. O garoto, é claro, fez como seu amigo Gealach havia pedido e não falou nada sobre o anel que pertencia ao monstrengo. Pela falta de respostas dos agentes, o kobold também não tinha contado nada, talvez ainda tivesse esperança de reaver a joia.

Álvaro só foi liberado quando Ambrose apareceu ali para tirá-lo de lá. O mestre disse que o garoto mal sabia controlar a própria magia, quanto mais estar envolvido numa trama para roubar almas. O velho reclamava constantemente e junto dele estavam uma preocupada Eleonora, Hex e Beatrice. Ambrose reclamou tanto com Álvaro que seus ouvidos ficaram ardendo, enquanto Eleonora parecia realmente preocupada e perguntava no que é que o garoto estava pensando. Fosse como fosse, mesmo que todos se recusassem a ver isso, Álvaro tinha feito uma boa ação, ele tinha salvado uma criança das garras de um goblinoide doido sedento de poder. Ele era um herói!

Aparentemente as almas infantis capturadas por Maldrekggart não voltavam ao seu corpo de forma automática, elas ainda sentiam a ligação com seu corpo, mas o DIP é quem ficou responsável por guiar cada uma das almas aos seus respectivos corpos, a maioria deles não era de crianças da cidade de Santa Helena.

Mais tarde, pouco depois da meia-noite, Gealach apareceu. Ele elogiou o sucesso de Álvaro e pegou para si o anel de Maldrekggart. Ele falou que com aquele objeto ele poderia ser capaz de identificar outros possíveis ladrões de almas que pudessem estar agindo. Ele elogiou Álvaro mais uma vez, principalmente por ter conseguido conjurar um feitiço que ele tinha visto apenas uma vez em um tempo que ele mal conseguia compreender magia. Aquilo, segundo Gealach, era o nível de habilidade de um bruxo destinado à grandeza.

Álvaro agradeceu à Gealach pelas coisas que ele o estava ensinando, pela oportunidade de aventuras e por ser seu amigo, pediu desculpas por ter ficado tão irritado no dia em que foram àquela caverna e admitiu que tinha pavor de baratas, quanto mais baratas mutantes, aquilo o tinha deixado bem nervoso. Gealach não parecia mais incomodado com aquilo e agradeceu ao fato de Álvaro o considerar um amigo. Naquela noite o garoto dormiu muito bem, sonhando ainda com mais aventuras que poderia desfrutar e com mais feitiços que pudesse vir a aprender.

No dia seguinte, num domingo, Álvaro acordou revigorado, apesar da batalha intensa que tivera. Ele tinha recebido uma poção de Gealach que o ajudara a se recuperar durante a noite e tudo que ele sentia agora era um pouco de cansaço, mas não o suficiente para pará-lo. Ele ainda tinha consigo o colar de prata de Caitlin e ele decidiu que devolveria onde quer que ela morasse. Ambrose pareceu não se importar, mas Hex e Eleonora disseram que era perigoso demais ir sozinho dado o que tinha acontecido na noite anterior e que ele nem sequer sabia onde Caitlin vivia. Eleonora se ofereceu para levá-lo lá, apesar de estar ocupada.

— Você sabe mesmo onde essa garota mora? — Beatrice perguntou à Eleonora, que pensou e pensou, mas não soube responder. — A Caitlin Livana não mora a mais do que duas ruas de distância de onde eu mesma moro, apesar de que eu acho um total absurdo, visto que a família dela não tem tradição nenhuma nas artes mágicas e só vivem lá por conta do dinheiro que possuem. Nome, nobreza, sangue e magia devem vir antes de bens materiais, na minha opinião.