Monstro e Magista

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Passada a transformação, a velha agora parecia um tipo de gigantesca lagarta de carne amarelada podre, enrugada e viscosa. Os braços dela tinham se tornado compridos e retorcidos, pareciam gravetos compridos de uma árvore seca. As pernas dela tinham aspecto semelhante, mas se retorciam para trás como as de um inseto. O rosto dela era todo deformado e com grandes olhos lacrimosos. O cheiro de podridão estava mais pungente do que nunca agora, aquela criatura fedia à um queijo muito, muito, muito estragado.Sem saber muito o que fazer, Álvaro começou a praguejar um monte de palavrões, assustado, enquanto jogava as caixas que ainda restavam naquele monstro bizarro.

"Ga! Ha! Ha! Ha! Ha!" o monstro bizarro parecia se divertir, enquanto o garoto estava desesperado. Das costas de carne flácida e esponjosa da criatura, brotou uma coisa comprida e longa como patas e ferrões de aracnídeos. Álvaro jogou mais uma caixa e o monstro a cortou facilmente no meio com o ferrão. Mais três dessas coisas brotaram das costas dela, fazendo um som repugnante.

— Eu achei que você ia me dar um lanche, não que eu ia ser o lanche! — Álvaro reclamou desesperado para a criatura.

— Menino tolo, eu não vou te comer!

— N-não vai? — Por um segundo Álvaro ficou aliviado.

— Não! — A criatura chicoteou com os ferrões um daqueles estranhos cristais azuis, cortando um pedaço bruto que ela apanhou com aqueles braços longos. — Eu não quero seu corpo, estou aqui para recolher sua alma!

E com um avanço rápido o monstruoso ser tentou golpear Álvaro com um dos ferrões aracnídeos, mas de alguma forma o garoto conseguiu esquivar e correr em direção à saída.

Álvaro gritava por socorro enquanto fugia para tentando escapar, a criatura vinha atrás dele correndo de maneira bizarra enquanto gritava para ele que tomaria sua alma.

Socorro! Alguém, por favor! — Álvaro gritava por ajuda, o que fez a criatura gargalhar ainda mais, enquanto desferiu um golpe com um de seus ferrões. O ataque acertou o ombro do jovem, rasgando a alça de sua mochila e produzindo um arranhão superficial. Aquele pequenino corte, entretanto, foi o bastante para fazer Álvaro sentir coisas estranhas acontecendo em seu corpo, seus membros ficavam cada vez mais pesados e ele se sentia cada vez mais lento.

— Ninguém virá em seu auxílio! E agora você nem mesmo pode correr!

As pernas de Álvaro pareciam pesadas demais para ele conseguir ao menos andar, parecia um daqueles pesadelos em que você não consegue correr rápido por mais que tente e sempre tem algo te perseguindo. A criatura vinha agora mais lentamente, como se tivesse certeza de sua captura. Álvaro tentava gritar por ajuda, mas sua mandíbula também estava pesada e sua voz parecia sair tão lenta que era ininteligível.

O monstro bizarro rosnava repetidamente que ele seria livre novamente, aquele cristal azul que ele pegara antes começara a emitir um brilho que ficava cada vez mais forte.

Eu! Eu trarei a liberdade! Ninguém virá em seu auxílio, menino!

— Eu não teria tanta certeza! — Exclamou uma voz quase melodiosa atrás de Álvaro e ele ouviu passos de alguém se aproximando.

A criatura olhou para a direção de onde vinha a voz com incredulidade, depois com ódio.

— Você! — Ela silvou de maneira venenosa. De alguma maneira parecia conhecer de quem se tratava. — Não se meta nisso, Gealach, ele é meu!

— Vou te dar uma chance de sair disso ainda com vida, Lorosa. Dê meia volta, assuma sua forma mundana e deixe o rapaz ir embora.

— Você adoraria isso, certo? Jamais! — A criatura que supostamente se chamava Lorosa avançou movendo seus braços e ferrões com agressividade, tentando atingir Álvaro, entretanto ele escutou a voz melodiosa dizer coisas incompreensíveis e um tipo de campo de força o protegeu.

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