Máscara Lunar

Defesa

— Srta. Livana! Srta. Livana! — O sujeito baixinho que cuidava da loja vinha desesperado em auxílio da garota caída. — Srta. Livana, a senhorita está bem? Está machucada?

— Eu... eu estou bem. — A menina respondeu com uma voz frágil.

— Seu bruto! — Rosnou o baixinho olhando para Álvaro, enquanto ajudava a garota se levantar, — você poderia ter machucado gravemente a senhorita, seu desengonçado!

— Eu sinto muito. — Álvaro tentou ajudar, mas o baixinho o afastou.

— Eu sabia que um amigo do Jasper Umbra só poderia mesmo ser problemático.

— Está tudo bem Sr. Elvellon, estou bem. — A garota se pôs de pé, mas para Álvaro aquilo parecia arriscado. Parecia que ela mal podia se pôr de pé nas muletas. Era uma garota muito pálida, frágil, o rosto fino e delicado, de olhos grandes e azuis, mas tristonhos. Os cabelos dela estavam presos de maneira disforme, ela usava roupas discretas e óculos enormes no rosto. Espalhados pelo chão, Álvaro notou muito bem que todos os livros eram Barry Potter e o Rubi Arcano.

— Está mesmo bem, senhorita? Precisa de alguma coisa? — Voltou a insistir o baixinho.

— Estou bem, de verdade. Obrigada.

— Não hesite em pedir a ajuda de qualquer um se precisar, certo? — Ele então olhou para Álvaro com algum desprezo, — e quanto a você, mais cuidado, entendeu? — E então saiu apressado olhando novamente o relógio de bolso.

— Sinto muito, de novo. — Álvaro falou para a garota e tentou apanhar os livros, mas ela logo disse:

— Está tudo bem. — Então com algumas palavras mágicas e um gesto ela fez surgir mãos espectrais que organizaram os livros na sacola e começaram a carregá-la. A menina deu um sorriso tristonho quando percebeu a expressão de Álvaro. — Foi o único feitiço que aprendi com maestria no meu tempo de aprendiz de bruxaria. Acho que eu não sirvo mesmo para isso. — Havia uma doçura tristonha na voz garota e nos seus trejeitos.

— Espera! — Álvaro pediu. — Os livros da sua bolsa eram todos do Barry Potter, né?

— É. — O rosto dela pareceu se iluminar com um sorriso verdadeiro pela primeira vez, — isso mesmo, vi você olhando interessado para a estante. Você tem interesse em ler?

— Interesse em ler? Eu sou um fã de Barry Potter!

— Não brinca, sério? — A garota agora sorria sinceramente. — Ainda não é muito popular na nossa cidade, eu sou uma das poucas que adquire os livros.

— Todos esses livros são para você?

— Hã... é... — a pele pálida dela pareceu corar por um momento e ela voltou a desviar o olhar, — é um passatempo esquisito meu. Tenho uma coleção grande de coisas relacionado ao universo de Barry Potter.

— É esquisito mesmo, mas é um passatempo admirável. Eu estava me sentindo deslocado aqui, estou começando a achar que também não sou um aprendiz de bruxo assim tão bom e pareço ser o único que compreende a grandiosidade da obra genial de K.J. Howling.

— Sei como se sente. — Ela deu um meio sorriso ainda tristonho. Ela deixou apenas uma das mãos espectrais segurando a sacola de livros, enquanto a outra foi oferecida à Álvaro como num cumprimento. — Meu nome é Caitlin Livana.

— Sou o Álvaro. — O garoto sorriu apertando a mão espectral. Sinceramente ela tinha uma textura estranha, era como se ele apertasse algo não-físico, apenas uma força fria.

— A gente se vê por aí, Álvaro. Podemos discutir sobre teorias e possibilidades da história, seria legal.

— É, claro, seria sim.