Maldrekggart

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Há muito tempo atrás, num reino de magia que existia paralelamente ao mundo material, o lugar conhecido pelos humanos como "Reino Feérico", existia um jovem kobold amargurado com seu destino de "criatura menor". Frequentemente confundidos com os goblins, eles eram talvez ainda mais desprezados do que estes, mal sendo reconhecidos como seres. Desde que se entendia por gente, Maldrekggart e todos os membros de sua tribo eram meros subordinados de criaturas mais poderosas, "A Horda da Caverna Vermelha", onde só o tamanho e a força eram respeitados. O bando agora era só uma sombra do que fora em tempos ainda mais remotos, afinal eles tinham servido como uma força de combate ao próprio Rei Lua, cujo reinado já havia se diluído no tempo de Maldrekggart. Obviamente os líderes eram os maiores membros da horda, Grramble-Snarrl "Nariz Vermelho", um troll e Bouther-Sjolther "Punhos Baques", um ogro, estes eram apenas os subchefes de uma criatura ainda maior, Kragheyartt, "o Enraivecido", um gigante montanhês tão grande e obeso que mal conseguia se locomover sozinho, mas que era muito forte e temido por seu tamanho.

Nariz Vermelho, Punhos Baques e o próprio Enraivecido só sabiam atacar, pilhar, comer, arrotar e se vangloriar dos tempos áureos da horda, quando eles serviam ao magnânimo Rei Lua, aquele sim, um rei a ser temido e respeitado. Maldrekggart ouvia as histórias com admiração, desejando sempre ser respeitado como um guerreiro da horda, mas kobolds não eram vistos daquele jeito. Kobolds e goblins não eram guerreiros, não passavam de mão de obra quase escrava, bufões e buchas de canhão. A função de Maldrekggart e os outros de sua espécie era apenas a de limpar a sujeira deixada pelos seus senhores, de tempos em tempos, limpar o gigantesco corpo fétido e flácido do Enraivecido, o maior e mais respeitado membro da horda, assim como, junto de muitos outros de seu status, carregar a pesadíssima liteira do chefe do bando. Maldrekggart e os seus, sendo eles do posto mais baixo da horda, tinham os piores tratamentos, mal podiam descansar e se alimentavam apenas dos restos. Mas o que ele mais detestava era o escárnio com que os maiores tratavam ele, que era muito mais esperto que todos ali. Eles só tinham força e tamanho, mas Maldrekggart tinha algo que julgava muito mais valioso, isso criou nele ressentimento e o ressentimento passou a ser ódio. Como poderia ele, com uma mente tão mais avançada que tais brucutus, fosse tratado com tanto desdém? Isso era inadmissível.

Com tanta admiração sobre as histórias que contavam sobre os tempos do poderoso Rei Lua, Maldrekggart quis saber como ele alcançara tanto poder e descobriu coisas que poucos sabiam, que a maioria parecia ignorar e até mesmo temer. Que o Rei Lua ficara tão poderoso com a ajuda de um ser externo ao Reino Feérico.

O kobold procurou por essa fonte de poder como se sua vida dependesse disso.

Ele estava escondido num lugar inóspito onde poucos ousavam ir. Um lugar de sombras das mais escuras e impregnado de uma energia que não parecia vir de nada que houvesse no mundo das fadas, algo mais sujo e cruel do que qualquer Arquifada Unseelie. Um demônio maior, um senhor das profundezas, do lugar que muitos conheciam como inferno, derrotado há muito por forças conjuntas e que jazia ali, incapaz de sair, tentando recuperar seu antigo poder. "Quem ousa se aproximar?" Perguntou a sombra viva cuja voz era arrepiante. Havia um ser ali, enfraquecido, mas sem perder a imponência maléfica. A aparência estava oculta, mas havia algo a se temer. "Um reles kobold?"

Maldrekggart se aproximou com bajulação e respeito e conseguiu uma aliança, um pacto com o poderoso infernal que por algum motivo jazia enfraquecido no mundo das fadas. Maldrekggart desejou poder e o demônio concedeu seu desejo, em troca, é claro, apenas de sua alma. Feéricos tinham alma tal qual humanos? Maldrekggart nunca tinha parado para pensar nisso. Então esse era o segredo do poder do Rei Lua? O grandioso mestre infernal, o poderoso Lucifuge Rofocale?

Máscara LunarWhere stories live. Discover now