Missão

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Mesmo ele tendo sido tratado por poções mágicas de Gealach, o que ajudou a curar seus ferimentos, Álvaro acordou adoentado na manhã seguinte e passou o dia inteiro assim. Ambrose lhe forneceu alguns chás. Aquele dia se passou lento, um tanto melancolicamente.

Ele teve um sonho estranho aquele dia, um sonho com um leão feito de chamas verdes e símbolos de estrelas mágicas pelo corpo. Esse leão tinha seu próprio rosto. Estava numa vasta planície sob um a luz solar dourada e fortíssima, mas o sol dourado tinha uma estrutura diferente e mesmo sob aquele brilho tão intenso, se podia ver o rosto de Ambrose nele. O leão de chamas verdes com o rosto de Álvaro tentava de todas as formas apanhar o sol com o rosto de Ambrose, como se fosse um gato tentando pegar uma bolinha da árvore de natal fora de seu alcance.

No sábado, Álvaro já estava melhor de saúde. Na verdade, nunca se sentira tão bem. Finalmente ele poderia se considerar um bruxo, afinal agora ele era realmente capaz de lançar magias. Ele se sentia poderoso, muito poderoso, poderosíssimo! É claro, aquele era só o começo da jornada, o garoto queria muito mais daquela sensação, ele queria poder mostrar a todos o quanto se superara, o quanto ele podia ser um bruxo talentoso. Mas provar que tinha controle sobre sua Awen implicaria em ele ser mandado embora por Ambrose, e embora não gostasse tanto assim da companhia do velho e o achasse totalmente imprestável como mestre, se ele se afastasse a possibilidade de aperfeiçoar seus poderes se tornava quase nula. Ele guardaria aquela revelação para um momento especial.

Eleonora chegou por ali de manhã, ela disse ter ouvido falar na doença de Álvaro e que estivera preocupada, mas o garoto a tranquilizou falando que os chás de Ambrose o fizeram se recuperar fácil. Ela ficou feliz em ouvir isso, dado que ela queria levar ele e Beatrice para um outro passeio, um festival de música de verão que iria acontecer ali. Conhecendo Eleonora, Álvaro podia apostar que o lugar ia ter um punhado de esquisitos e tocar músicas tão estranhas quanto, mas ele achou que seria divertido. Sim, afinal ele gostava de Eleonora e seus amigos. Beatrice não parecia tão empolgada quanto ele.

No começo da noite, entretanto, Álvaro descobriu que seu programa de sábado seria um pouquinho diferente. Eilistraee, a aranha, apareceu por ali e, é claro, ele a seguiu. Gealach estava nas sombras do quintal da casa de Ambrose, suas feições quase completamente ocultas, o que era um pouco sinistro, como se ele estivesse querendo manter algum segredo.

— Prepare-se, meu jovem amigo. — Disse-lhe ele. — Aquele favor que te falei antes? Hoje é o dia de realizá-lo.

— Mas...

— Lamento por seus compromissos cancelados. Eu não pediria se não fosse realmente necessário.

A expressão de decepção no rosto de Eleonora quando o garoto disse que não poderia ir com eles foi de partir o coração. Ela havia chegado ali toda empolgada e realmente parecia apreciar a companhia dele e de Beatrice. Por sua vez, a menina loira perguntou toda desconfiada que outro compromisso seria aquele, mas Álvaro não lhe respondeu. Eleonora não deixou que Beatrice recusasse o convite também e a levou até o carro de Radu sob os protestos da menina loira.

Álvaro voltou onde estava Gealach, embora sua mente tivesse seguido junto de Eleonora e os outros e na diversão que eles teriam. Ele passou a vista pelo quintal, viu os objetos velhos, o galinheiro que um dia fora grande demais para apenas duas galinhas, mas que agora estava lotado (o garoto ainda lembrava da surpresa e confusão de Ambrose ao ver tantos animais onde antes havia apenas dois), a fonte seca... e então seu amigo de terno azul.

— Mais uma vez lamento. — Disse Gealach, — mas devo pedir para que se concentre aqui, sua cabeça não pode estar em outro lugar, isso é essencial.

Máscara LunarWhere stories live. Discover now