Feiticeiros

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— ...e aí quando eles abriram o porta-malas a caixa de ovos estava intacta! — Gargalhadas se seguiram a isso como se o rapaz tivesse acabado de contar uma piada. Álvaro só conseguiu ouvir a última parte da anedota e as gargalhadas, pois o carro estava encostando ali, um Escort preto com detalhes e vidros vermelhos.

— Ei, Ely, esses devem ser os bruxinhos em treinamento de que me falou no telefone! — Dentro do carro estava um rapaz que usava óculos escuros, mesmo que estivesse de noite e o carro também tivesse vidros escuros. No banco do passageiro havia outro rapaz e mais duas pessoas no banco traseiro. Eles foram saindo um por um pelas únicas duas portas do carro. Álvaro percebeu que um dos rapazes sussurrou no ouvido de uma moça, ele conseguiu entender algo mais ou menos assim: — Ah, ei, irmãzinha, aquela não é a garotinha bruxa sem pais?

Das quatro pessoas, uma Álvaro já conhecia. Era o jovem que tinha o ajudado a escapar pela porta dos fundos do fliperama e fugir do tal de Mael.

— Ei, e aí, Atlas! — Álvaro o cumprimentou.

— Ah, você é o garoto do fliperama do outro dia, Álvaro, certo?

— Então já conhece o Atlas, é? — Eleonora sorriu olhando os dois, — isso é bom! Então vou apresentar vocês pro resto da turma.

Liddell, que estava ali à força, não parecia nem um pouco interessada nos amigos de Eleonora. A única coisa que parecia aliviar seu "sofrimento" era estar saboreando alguns docinhos gelatinosos em forma de ursinhos. Álvaro, no entanto, à primeira vista, os achou no mínimo peculiares.

— Vocês estão estudando magia, é? Será que vocês conseguiriam sumir com a minha irmã aqui? — Perguntou um dos sujeitos, apontando para uma garota que estava ao seu lado com o polegar. A primeira característica que se fazia notar é que eles eram albinos. Ele parecia um pouco mais novo do que ela, tinha cabelo longo muito claro, um tipo de sorriso de malícia ingênua no rosto e vestia roupas pretas que pareciam ter vindo direto da era vitoriana. Ela tinha o cabelo todo repicado mal chegando no queixo e os olhos dela eram ainda mais pálidos que os dele, sem luz ou brilho, num rosto de expressão blasé de maquiagem pesada, ela também usava roupas que pareciam fora de época, um vestido comprido muito alvo que fazia ela parecer um tipo de noiva fantasmagórica sinistra.

— Tem certeza? — Liddell deu um sorriso de canto de boca, — ah, pois eu posso sim.

E com gestos e umas palavras mágicas ela fez surgir uma venta ao redor dos olhos do rapaz albino de cabelos compridos, fazendo os outros rirem. Álvaro nem esperava que Liddell tivesse aquele tipo de senso de humor.

— Ah não, garota, só isso não vai funcionar, — falou ele se livrando da venda, — acredite, eu já tentei isso antes, já tentei olhar as coisas sob o "ponto de vista" dela. — Ele e o cara que estivera dirigindo riram.

— Muito engraçado. — Respondeu a moça de vestido branco numa voz gelada.

— Por que não para de falar besteira e se apresenta logo, hein? — Eleonora disse para o de cabelos compridos.

— Hã? Eu achei que você ia apresentar a gente! Mas certo, acho que faço isso melhor, você quer que a gente fale daquilo, né? Pra impressionar os bruxinhos! Acredite, Ely, os magistas acadêmicos dificilmente se impressionam com magistas como nós.

— É inútil, Ely, não dá pra impedir que ele fique tagarelando besteira sem parar. — A moça do vestido branco falou ainda com a voz gelada.

— Como assim? Do que ele está falando, eu não entendi. — Admitiu Álvaro.

— Eles são feiticeiros, Álvaro, assim como eu. — Sorria Eleonora, — eles chamam bruxos como vocês de magistas acadêmicos, ou arcanistas, pois vocês, como os magos, estudam a magia arcana, enquanto nós apenas...

Máscara LunarWhere stories live. Discover now