Um Jogo de Bruxos

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Por um momento os sons de desafio que Álvaro bradou ficaram vagando no ar, mas logo uma cacofonia de risadas abafaram as palavras recém proferidas pelo garoto.

— Você? Me enfrentar? — Ludovico parecia sentir dor no abdome de tanto rir. — Suponhamos que eu leve a sério seu desafio juvenil, e aí? Você nem tem nada de valor para apostar. Não vou perder meu tempo com brincadeiras.

Álvaro pensou por um instante. Ele realmente não tinha nada a apostar. Nada, exceto...

— Tenho sim. — E dizendo isso tirou de seu pescoço o pingente que ele escondia por dentro da roupa. O colar que Gealach havia lhe dado.

— O que é isso?

A verdade é que nem ele sabia, mas antes que pudesse falar alguma coisa, a voz rouca de uma senhora altiva falou:

— É mágico. — Disse Ephemera Ruthilic. Álvaro percebeu que os olhos dela tinham um peculiar brilho, que cessou segundos depois. Era como se a visão da velha fosse escaneador que detectava magia. Ela se aproximou e tocou com a ponta do cajado o objeto, o que fez aparecer para todos um brilho pálido ao redor dele. — Eu não sei bem qual magia contém, mas posso dizer que embora sutil, é potente. — Ela semicerrou os olhos, como se desconfiasse de algo, — há uma grande chance de isso não ter sido criado por mãos humanas.

Algumas pessoas pareceram interessadas no item. Lázaro, em particular, tinha uma expressão esquisita no rosto. Ludovico também parecia interessado.

— Muito bem então. Vai ser o pagamento pela lição que eu vou te dar, garoto!

— Calminha aí, Lancastre. — Ambrose chamou sua atenção, — um modorro enfrentar um magibeligerante calejado como você tem a lógica dos sonhos. Mesmo que só um jogo, é para além do injusto.

— Ele foi quem me desafiou. — Ludovico deu de ombros.

— Ambrose tem razão. — Nasrudim afirmou, — destaque um de seus alunos para enfrentá-lo.

Todos pareciam concordar com isso. Meio contrariado, Ludovico disse:

— Muito bem! Qualquer um dos meus pode vencer com as mãos nas costas! Eu não vou nem escolher o meu melhor! Diego, que tal você?

Mas Mael já tinha se levantado e ficado cara a cara com Álvaro.

— Não, pai. Deixa comigo. Se quisermos dar uma lição de verdade nesse aqui, precisamos esmagá-lo como o inseto que é.

Lázaro se interpôs entre Mael e Álvaro.

— Um momento, Lancastre filho.

— Hã?

— O Álvaro nunca jogou HexShot, você deveria dar um tempo para que eu explicasse as regras para ele.

Mael riu e disse que aquilo não era problema dele, seu pai, no entanto, falou que ele deveria permitir isso, que fossem comer um lanche enquanto esperavam Álvaro entender as regras, ele queria que fosse "justo". Mael concordou e eles se foram rindo comer o lanche e afirmaram que voltariam em dez minutos. Álvaro notou que eles não acreditavam numa possível derrota. Aliás, ninguém acreditava na derrota de Mael, e Nasrudim afirmou que tanto o pai quanto o filho eram craques no tal jogo, tendo Ludovico sido campeão regional e Mael campeão regional júnior ou coisa do gênero.

Ambrose se aproximou. Ele parecia mais interessado no colar de Álvaro do que em qualquer outra coisa.

— Quem te deu isso? — Ele perguntou.

— Um amigo. — Álvaro respondeu secamente. — Se me der licença, não tenho muito tempo para aprender a jogar.

— Tsc, como se você fosse mesmo vencer. Mas a derrota vai ser uma boa lição contra sua tolice.

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⏰ Last updated: Oct 02, 2023 ⏰

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Máscara LunarWhere stories live. Discover now