O Mestre de Magia

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 Sorrindo enquanto olha a paisagem pela janela de vidro nesse ônibus modelo "LO-1112", Álvaro segue empolgado e contente em ter se descoberto um bruxo. Na verdade, ele ainda viria a ser um bruxo, por enquanto ele era o que se chama de "recém-desperto", alguém que descobriu alguma natureza mágica dentro de si e começou a perceber verdades ocultas à própria volta.

Há várias maneiras diferentes disso acontecer, por exemplo, há aqueles que vêm os sinais, como nosso amigo Álvaro, que sempre percebeu coisas meio esquisitas em si, mas que ultimamente vinham ficando cada vez mais frequentes. Inicialmente ele considerou simplesmente como azar. O videogame dele pifou sem motivo aparente (energia mágica latente e descontrolada pode vir a afetar objetos ao redor, mas eletrônicos são os itens mais suscetíveis à estragarem por tal fenômeno); os ovos estragavam quando ele os ia fazer para o almoço (às vezes essa energia mágica latente pode ser corrosiva em algumas formas de vida, caso o poder seja latente e muito reprimido pode vir a causar problemas maiores, nos menores casos ovos podem vir a estragar, filhotes recém-nascidos podem vir a falecer caso passem algum tempo próximo ao recém-desperto, dependendo das intenções ou humor do indivíduo); os cães ladravam agressivamente para ele na rua, embora sem nunca ter coragem de avançar (a energia mágica de dentro dos despertos causa desconforto naqueles que não a compreendem, um medo irracional que pode afetar também humanos, dependendo de quão forte é esse poder interno. Animais são mais sensíveis a esse tipo de poder, os cães em especial); o vidro trincava ao simples toque, coisas do gênero.

Claro, o caso de Álvaro é um dentre vários diferentes. Há aqueles que não são despertos, mas acabam por descobrir um livro ou tomo de magia, leem e seguem as normas à risca, com muito esforço conseguem manifestar algum poder, mas os auto didatas e auto iniciados são um pouco mal vistos por muitos bruxos. Há os que já nasceram numa linhagem bruxa e são expostos desde cedo às coisas mágicas, esses são os que têm mais facilidade em manifestar poder. Essas coisas são tão inconstantes que cada caso é um caso. Algum antepassado muito distante de Álvaro deveria ter sido um bruxo ou coisa semelhante, ou talvez, por algum motivo, sua natureza mágica aflorou espontaneamente, o que também pode acontecer. O garoto sempre desconfiara haver algo diferente consigo, mas agora tinha certeza e não se sentiu mal por isso. No entanto, nenhum gigante barbudo tinha vindo avisá-lo sobre sua natureza mágica, para ele as coisas tinham sido um pouco mais sem graça. Mesmo seus pais sempre o olharam com desconfiança e receio, medo até. Um dia, uma amiga da tia da prima da avó da vizinha de sua mãe ficou sabendo dessa história e fez uma proposta; um convite para que o garoto aprendesse a controlar esse dom latente. Os pais do garoto, que eram separados e já tinham casado novamente com outros parceiros, acharam uma boa ideia, afinal a guarda compartilhada de Álvaro era para decidir quem NÃO ficaria com ele, como dito antes eles pareciam não gostar tanto da companhia do próprio filho. Então a amiga da tia da prima da avó da vizinha de sua mãe avisou que um certo mago, numa certa cidade, poderia treinar o garoto. Esse mago era o irmão dela.

Foi assim que Álvaro foi parar no ônibus para Santa Helena, muito animado para talvez entrar numa escola de magia, um castelo grande com jantares fantásticos, fazer amigos lá, viver aventuras, coisas do gênero. É, ele estava de férias da escola comum agora, mas não é como se ele estivesse indo estudar matemática ou algo mundano e chato, ele ia... estudar magia, numa escola mágica! Bem, ninguém tinha citado nada sobre estudar numa escola mágica, mas é claro, o garoto estava inferindo isso, era apenas lógico e isso era fantástico! Muitas pessoas pagariam para ter uma singela emulação da emoção que ele sentia naquele momento.

O colar que ganhara de presente tocava frio em sua pele por dentro da camisa e lhe lembrava da aventura que tivera momentos antes, isso o deixava mais excitado ainda. Será que aprenderia a soltar fogo pela ponta dos dedos, assim como Gealach?

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