Ele era um sujeito estranho. Ele surgira de forma súbita e silenciosa e Álvaro se perguntava de onde é que ele tinha saído e como é que ele havia feito aquilo.
— É curioso, não é? — Ele dizia numa voz tão mansa que quase soava melodiosa, enquanto fitava o estranho símbolo que estivera brilhando na parede, símbolo este que havia sido o motivo de Álvaro ter parado ali, em primeiro momento. Ele fora levado àquele símbolo enquanto perseguia uma peculiar criatura com o olhar, uma aranha com um estranho brilho azulado no abdome que escalou até a parede até aquele símbolo e pareceu sumir lá, como se tivesse entrado por uma fenda.
Álvaro permaneceu calado, ainda fitando o sujeito misterioso com a mesma curiosidade que depositara no símbolo que antes brilhava. Ele era alto e magro, a pele dele era muito pálida, tão pálida que dava a impressão de ser ligeiramente azulada. Os seus cabelos eram lisos e de um preto muito forte e escuro, eles escorriam até a altura das costas e mechas dele emolduravam o rosto fino e jovial daquele sujeito. Os olhos dele pareciam ter um tipo de brilho místico numa cor verde profunda. Devia ter uns vinte, vinte e poucos anos, usava um terno de uma cor escura, que naquela penumbra parecia ser preto, embora o colete debaixo do paletó mostrasse uma cor azul fria, a gravata novamente de tom mais escuro, quase preto. Na cabeça ele tinha um chapéu fedora da mesma cor do terno e, nas mãos, luvas brancas.
— Eu te assusto? — O sujeito perguntou de maneira quase zombeteira.
— Não diria isso. — Álvaro respondeu prontamente, não querendo demonstrar temor. — Na verdade, só me intriga.
— Bom. — Com um constante meio sorriso, o sujeito voltou a passar a mão no lugar onde a marca estivera, deixando de olhar para Álvaro.
— E então? Quem é você?
O sujeito voltou a olhar para ele, mas apenas de soslaio, seu sorriso de canto de boca não saía do rosto.
— Um amigo, assim espero eu que você me considere. Mas se é meu nome que quer saber, eu o direi... — ele tornou a se virar totalmente de frente para Álvaro, retirou o chapéu de sua cabeça e fez uma reverência que parecia bem ensaiada, — eu sou Gealach Damhán-Allaidh, ao seu dispor, meu jovem.
"Nome mais estranho", foi o que o gaaroto pensou, mas não disse nada além de:
— Eu sou Álvaro.
— Um guerreiro... dos elfos, Álvaro? — Gealach perguntou de forma que parecia irônica. Álvaro não entendeu aquela pergunta aparentemente sem sentido.
— Hã?
— Você não é uma criança normal, isso eu sei. Sabe o que você viu aqui, nesta parede? Aquela marca brilhando de forma peculiar, bela e fugaz?
— Não.
— É poder. Magia. — Ele voltou a olhar para a parede onde a marca estivera.
Tudo aquilo ainda parecia pouco real para Álvaro. Ele estava ali, naquela rodoviária indo para a plataforma em que deveria pegar o ônibus, indo viajar. E de repente ele viu aquela marca, brilhando banhada pela luz da lua por um momento breve antes de uma nuvem cobri-la e então apagar de vez o brilho da marca. Foi então que aquele sujeito tinha aparecido ali como se tivesse brotado do chão, Álvaro nem sequer o vira se aproximar com sua visão periférica, era muito esquisito, mas talvez o motivo fosse que o garoto estivera muito absorto no brilho da marca para prestar atenção em qualquer outra coisa.
— Você não é uma criança comum. — Tornou a falar Gealach, — você sabe disso, não sabe... agora que você... despertou, você estará exposto à maravilhas e perigos que você não conhecia antes. Que mestre você terá?
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Máscara Lunar
FantasyCoisas estranhas aconteciam à Álvaro e por um acaso do destino ele se descobre um tipo de bruxo, sendo enviado para aprender mais sobre seus poderes com um velho mago que um dia fora um grande mestre, mas que agora tem se provado apenas um bêbado vi...