A Garota com Lua na Testa

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Abriu os olhos de repente e se deparou com uma misteriosa figura que o olhava com intrigado interesse. Era uma garota que aparentava uns dezessete, dezoito anos, pele clara, maquiagem escura ao redor dos olhos, cabelos compridos, ligeiramente assanhados, com algumas mechas brancas, platinadas. Na testa havia dela havia uma lua crescente pintada em roxo.

— Isso é... muito esquisito, sabia? — Ele balbuciou.

— Eu concordo. — Ela respondeu.

— Então por que estava aí me encarando enquanto eu dormia?

— Não tinha como não ficar surpresa vindo arrumar um armário qualquer do meu tio e me deparar com um menino desconhecido dormindo numa rede. Não fui avisada disso.

— Deve ser porque ele espera que eu vá embora hoje.

Álvaro suspirou. Ele lembrou que hoje era o dia dele demonstrar seu "poder" para Ambrose e, com um arrepio, as coisas que aconteceram na noite anterior, com Gealach, lhe vieram à mente também. Ele tivera que lutar pela sobrevivência contra aquelas criaturas terríveis com um simples pedaço de pau... ainda tinha alguns arranhões e hematomas dessa divertida experiência.

— Está tudo bem? — A garota perguntou ao ver a expressão de Álvaro e o garoto confirmou com um sacudir de cabeça.

— A-há! Vejo que conheceu o jovem Álvaro, Ely! — Exclamou a voz grave de Hex se aproximando naquele carrinho estranho dele. — Deve ter sido um susto, ninguém tinha falado nele! — O gato começou a achar graça. — Garoto, essa é a Eleonora, ela é sobrinha do velho Ambrose, vem aqui de vez em quando para ajudar.

Onde é que ele tinha ouvido falar naquela garota? O Hex já tinha citado aquele nome antes... Eleonora...

— Você é a garota que trabalha naquela loja de ervas e fungos, Aureolus... algo assim, certo?

— Sou eu sim, trabalho na loja do tio e de vez em quando venho ajudar ele com a bagunça que é esta casa. Aliás, você está com fome?

Hex pareceu olhar diretamente nos olhos de Álvaro balançando a cabeça freneticamente, como se quisesse dizer para o garoto negar, mas ele não negou. Ele realmente estava com fome. Lembrando ainda da noite anterior, depois do pequeno embate com os cabeça de abóbora, Gealach o levou a um lugar místico e bonito, como um jardim que não pertencia à este mundo e lhe ofereceu quase um banquete. A verdade é que qualquer comida decente seria considerada um banquete para o garoto depois de tanto dias só comendo o macarrão grudento com peixe enlatado de Hex, mas a verdade é que realmente era um banquete, numa longa mesa que parecia saída de contos de fadas. Aquilo realmente parecia sonho agora.

Eleonora sorriu gentilmente com a resposta e falou animada:

— Pois eu preparei algo delicioso pro café da manhã, vem, não precisa ficar acanhado! — Dizendo isso ela saiu animada até a cozinha.

— A sorte é que você tem um bom estômago, garoto.

Torradas de pão integral e um tipo de vitamina estranha que não era assim tão ruim. Era ruim, mas não tão ruim. O leite tinha gosto estranho e ele não sabia exatamente que fruta era a que ela tinha usado.

— O meu tio parece não gostar de nada que não tenha no mínimo quinze por cento de álcool e aquela garotinha loira é parecida, só que com coisas que não tenham muito açúcar, então sobrou bastante se você quiser mais.

Álvaro não queria mais, só não teve coragem de recusar quando ela veio com a jarra colocando mais daquela vitamina no seu copo. Na TV passava um programa infantil matinal, gente com roupas de elastano coloridas e capacetes na mesma cor enfrentando um cara de fantasia elaborada, mas tosca, enquanto recebiam golpes e mais golpes que explodiam em faíscas.

Máscara LunarWhere stories live. Discover now