Hospedagem

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 Ele queria estar em companhia do gigante Rubens Halfgymir, de Abel Dumbormore, fazendo amigos como Donald Weasel, aprendendo magia de verdade na "Escola de Magismo e Ocultismo de Dogwaltz", não ficar levando malas como se fosse um empregado. Enquanto as carregava, cansado, ele se perguntava para que aquela garotinha precisava de tantas coisas...

Ao terminar de colocar todas as malas para dentro de casa, Álvaro ouvia a garota perguntar à Ambrose sobre "seus aposentos". O velho falou que tinha dois quartos para eles. Um deles era um quarto de hóspedes comum, um tanto simplório que a garota chamada Liddell olhou com cara feia aparentando não estar com a mínima vontade de dormir ali, mas isso mudou quando ela viu que o outro lugar destinado aos visitantes era só um tipo de despensa velha abarrotada de coisas esquisitas e materiais de limpeza, empoeirada e equipada com uma simples rede de dormir. Imediatamente a garota quis reivindicar o quarto anterior para si, declarando sobre sua suposta linhagem nobre de bruxos e coisa e tal.

— Que linhagem nobre o que, ninguém se importa com essa porcaria não minha filha! — Álvaro esbravejou já sem paciência.

Liddell lhe fuzilou com os olhos, Ambrose parecia confuso como se não tivesse entendido que aquele cômodo pequeno e velho mal podia servir de despensa, pior ainda como dormitório! Hex, no entanto, pareceu pensar de maneira imparcial.

— Quer saber? O garoto tem razão, velho. Ninguém se importa se a linhagem dela é nobre ou não, a gente não tá mais na Idade Média! E também o regime do Rei dos Bruxos desta cidade já ficou há muito no passado. Ambrose, você não pode mostrar predileção, é injusto.

— Não vejo qual o problema da rede, mas... se é assim... hum... bem, nesse caso a coisa mais justa que eu consigo pensar nesse momento é a sorte. Ímpar ou par.

"Claro, a coisa mais justa que esse velhote consegue pensar é em aposta!" Reclamou Álvaro em pensamento.

— Isso é um absurdo! — Liddell protestou batendo o pé no chão, — ele é só um... um...

— Se não quer jogar no par ou ímpar, você pode ir dormir na rede.

— Argh, certo! — Foi a maneira dela concordar que se submeteria a tal "humilhação".

Então eles fizeram. E Álvaro perdeu. Ambrose disse para que reclamasse com a sua sorte, Hex pareceu lamentar por ele, enquanto Liddell lhe lançou um sorriso provocador irritante. Quando ele a tinha visto ali, na fachada da casa do velho, achara que ela tinha o rosto bonito, apesar das roupas esquisitas. Agora se arrependia de ter achado aquilo.

O velho Ambrose falou para que se instalassem nos quartos, e irem descansar que o treinamento começaria amanhã pela manhã, bem cedo. Hex disse para que esperassem um pouco ali e saiu com seu carrinho, ele parecia ter lembrado de algo e foi buscar. Quando voltou, o gato trazia com ele duas camisetas amarelas. Nelas havia um desenho no lado esquerdo do peito, eram duas serpentes, uma delas com asas, ambas se mordiam nas respectivas caudas, formando um círculo que circundava um Sol com rosto e meio sorriso esquisito. Embaixo desse peculiar círculo estava escrito com letras de uma fonte elaborada "Citrinitas".

Álvaro estava intrigado. Liddel pareceu olhar as camisetas com horror, como se com aquilo se recusasse a vestir a peça.

— Hex, você ainda guarda essas coisas? — Ambrose perguntou com certo desdém.

— É claro, eu não podia deixar seus alunos sem o fardamento da Citrinitas, certo?

— De novo, o que é Citrinitas? — Álvaro perguntou ainda sem saber. Liddell olhou para ele com desdém arrogante.

— Sério, Mestre Ambrose, onde é que o senhor arrumou esse aparvalhado?

Álvaro não tinha certeza do que significava "aparvalhado", mas pelo tom dela não era boa coisa. Ele estava prestes a lhe dar uma resposta, quando Hex respondeu:

Máscara LunarWhere stories live. Discover now