Não há outra opção.

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Aviso de conteúdo extremamente sensível.

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— Vamos embora daqui. — Rosalinda arrancou a aliança do seu antigo casamento jogando-a no chão e apanhou a mão da sua amada, cruzando seus dedos.

— Vamos embora daqui, meu amor. — Madalena assentiu sorrindo.

Começaram a andar de mãos dadas na rua sem se importar com nada, ainda que estivessem extremamente tristes, a esperança ainda existia entre as duas mesmo que a realidade tivesse se modificado aos poucos, ainda que soubessem que tudo poderia acontecer, ver acontecer era algo totalmente diferente.

— Enquanto estarei no orelhão que demora um pouco, você irá esperar Elizabeth e então depois da resposta do meu superior iremos embora. — Repassou novamente apontando para uma cabine e avisando que iria pararia ali.

Um tempo passou e Madalena começou a sentir um aperto grande em seu coração, era possível ver sua mulher de longe falando com um telefone grande na mão e assentindo com a cabeça, mas Beth não voltou. O dia estava caindo, começava a ficar escuro e até então nada da mulher, a albina já começava a querer desabar só de pensar em ter perdido sua melhor amiga.

Após ver Rosalinda voltando, sentiu o mal estar absurdo porque isso queria dizer que era hora de ir embora, hora de ir embora e Elizabeth não apareceu como o combinado. O cenho da morena franziu e ao notar que era observada por outros moradores, tentou agir de maneira culta como uma senhora.

— Cadê ela? Precisamos ir, querida. — Também ficou nervosa, mas disfarçava porque sabia que as duas tinham o mesmo pensamento, porém dessa vez ela precisaria ser a fortaleza da albina. Estava fora de cogitação colocar em sua mente que Beth poderia ter falecido.

— Ela não voltou, Rosa. — Suas bochechas começavam a avermelhar avisando seu possível choro que viria logo após. — Não posso ir sem ela, não posso ir sem vê-la. — Negou com a cabeça já com sua voz embargada, deixando a morena sem mais opções.

— Nós precisamos ir, amor. — Repetiu em agonia, já era tarde demais para se manterem por ali. Mulheres já não eram respeitadas, mulheres solteiras e sem a companhia de um homem era pior ainda.

— Rosa, eu amo muito você. Mas eu sou responsável por Elizabeth até que ela diga o contrário, ela é quase uma irmã minha, eu não posso ir embora sem ela. — Bateu o pé afirmando que dali não sairia se não fosse para procurar a sua melhor amiga.

Após um suspiro cansado e concluindo que tomaria a mesma decisão se estivesse no lugar de Madalena, agarrou o braço dela e saiu puxando-a ainda que estivesse bem cansada. Se era importante para a sua mulher, também seria para si, iriam procurar por Beth.

O rangido da porta de madeira velha foi típico de um daqueles em filme de terror, onde na cena seguinte ou você é atacado pelo assassino ou você descobre alguém que foi atacado por ele.

A casa inteira estava revirada, os objetos de trabalho de Dalila terminavam de soltar fumaça porque haviam sido quebrados e queimados, imagens das entidades nas quais acreditava estavam todas despedaçadas... Eles fizeram questão de acabar com tudo.

A porta do quarto estava aberta e Madalena nem pensou duas vezes ao adentrá-lo. Sua amiga torcia um pano rosado e encharcado entre as mãos que estavam sujas de sangue, o odor era incômodo e avisava que havia muito do líquido naquele lugar. Sobressaltou quando suas orbes pararam na cama e encontraram Dalila deitada, a pele já quase sem brilho e a respiração bem sofrega, necessitada. O que mais assustava era a faca que estava cravada em seu peito e era, provavelmente, o objeto que a mantinha viva e fazia com que seu corpo não perdesse ainda mais do líquido.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora