Genevive.

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Aviso de conteúdo sensível.

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Com o cesto de roupas nas mãos, a albina procurava a melhor amiga porque decidiram que iriam juntas ao riacho perto da casa para lavarem as roupas que estavam faltando, mas parece que a loira evaporou no ar assim como água.

Decidiu esperar, colocando o objeto no canto da porta e saiu a caminhar pela casa. Franziu o cenho ao ver Rosalinda que dançava sozinha na sala de estar, sem música alguma e nem sequer murmurava uma. Era linda, com seus cabelos escuros soltos, usava-os em um penteado meio preso simples que caía muito bem com o seu rosto que ficava mais exposto. Seu vestido era claro, um azul quase branco, deixava seus ombros amostra e era longo, mas a saia era solta e quando girava, ela rodava junto. Não tinha nenhuma armação, era muito simples, não usava corset, espartilho ou coisa assim, parecia até que não era mais uma dos povos ricos da cidade.

Madá se permitiu sorrir e admirá-la com toda a leveza que carregava naquele momento, parecia despida de toda a preocupação ou dos mistérios que a rondavam, aquela era Rosa, sem personagem, sem cinismo, sem manipulação, sem esconder nada. Rosa que dança de pés descalços no chão de madeira, Rosa que segura sua saia e faz ela girar, Rosa que domina bem a dança, Rosa... Uma encantadora e apaixonante Rosa. Essa mesma que fez a albina concluir, era por essa que era apaixonada, era essa que amava e apesar de ter pequenas parcelas dessa enquanto estavam juntas, sabia que ela poderia ser assim por inteiro algum dia.

Riveira realmente havia se permitido vestir-se de si, era seu eu, era assim. Ser pela metade cansava, ser pela metade doía por inteiro e é sempre bom lembrar-se da sua essência em momentos de escuridão, apegar-se as suas raízes faria que não caísse em um poço de perdição.

— Amor! — Ela disse parando o que fazia e sorrindo abertamente. — Venha, venha. — Chamou com as mãos e a albina obedeceu, cedendo as suas para que ela segurasse.

Em dominância, a morena segurou a mão esquerda pálida com sua mão direita e a girou delicadamente contemplando sua mulher, assim que completou a volta, a puxou para perto do seu corpo pousando uma mão no cóccix. Guiando-a de um lado para o outro em uma valsa lenta e delicada, por todo aquele cômodo.

— Que música estamos dançando? — Madalena perguntou sorridente, tudo a surpreendia, a morena era uma caixinha de surpresas.

— A que você quiser, meu sorriso. — O bom humor que estava nela era até contagiante. — Tenha calma, não precisa ter medo. Relaxe. — Pediu ao ver que ela estava nervosa, temendo pisar no pé da morena.

— Não sei dançar. — Admitiu pousando suas mãos no busto da amada.

— E o que está fazendo? — Era cantarolante, dócil. Nada de pitadas ácidas, ironia, deboche ou algo assim.

— Dançando. — Até pareceu notar somente agora o que fazia e riu de maneira divertida ao olhar para baixo, se ver na ponta dos pés. Foi algo tão automático. — Estou dançando. — Avisou e a morena assentiu.

— Está dançando. — Rosa confirmou seguindo a guiá-la até que a música que tocava em sua cabeça parasse. Cansada o bastante porque já estava bailando antes da mulher aparecer, fez com que as duas terminassem no meio da sala. — Já se alimentou hoje? Suas laranjas acabaram? Tenho que providenciar mais.

— Já comi, não se preocupe com os frutos, ainda tem vários. Andei economizando, sempre que como uma, tem todo um ritual. — Compartilhou rindo junto a moça.

— Realmente laranjas lhe fazem bem. — Assentiu com a cabeça. — Andei pensando em algumas coisas... — Revelou enrolando para chegar no assunto onde queria.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now