Informações.

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— Mudou-se rapidamente dessa vez, Dalila. — Rosa não pôde deixar de observar enquanto acomodava Madalena em uma cadeira da grande mesa para que se sentisse à vontade. Tentava ser agradável e enturmá-la para que entendesse que era um ser dona das suas próprias escolhas, ali ninguém mandava em ninguém.

— Não por escolha própria. — Comentou em desgosto. — Infelizmente minha casa foi apedrejada, não dá para confiar em todo mundo, em meio aos meus clientes um deles era infiltrado. — Suspirou demonstrando o seu cansaço, aceitou o cigarro de ervas que Attena lhe oferecia e tragou com calma, logo depois soltou a fumaça pela boca, relaxando na cadeira.

A serviçal seguia com o mesmo olhar da primeira vez, de que tudo era fascinante, o seu novo mundo lhe agradava ao extremo.

— Não me diga, e as perseguições seguem assim? — A morena cruzou os braços prestando atenção em suas amigas, logo ouviu o riso de Attena já lhe dando uma resposta.

— Tenho quem me acompanha e quem sussurrou em meu ouvido momentos antes para que eu abandonasse aquela casa, agradeço todos os dias por ter quem me quer bem ao meu lado... E não falo somente de humanos. — Deu de ombros, era uma informação normal para si, conversar sobre espiritualidade, poderes, magia, fé, era seu trabalho e o das suas amigas.

— Está sobrando tudo para nós, querida. — Genevive se pronunciou abraçando Rosa por trás, pelo pescoço. Atraiu o encarar de Madá que as olhou de cima para baixo e decidiu se entreter com as outras mulheres, naquele dia não estava afim de deixar-se ser levada por sentimentos incômodos.

— Tudo o quê? — Pela primeira vez a albina teve coragem de questionar. Sentia vergonha de mostrar que era inferior em questão de conhecimento, mas estava ali para aprender e absorvia tudo o que elas falavam.

— As pessoas não gostam da gente, Madalena. — Margarida resumiu simples, mexendo em seus anéis escolhia quais iria usar.

— Disso eu sei, mas eu seria indelicada caso perguntasse o motivo? — Demonstrou total interesse em saber do assunto.

— Não, minha flor. — Attena respondeu carinhosamente colocando o cigarro entre os dedos e com a outra mão fazendo carinho no braço desnudo da moça pálida que estava ao seu lado. — É que desde que nos entendemos como seres humanos, uma ideologia é passada entre as nossas gerações. — Tentou explicar, mas viu que usava palavras difíceis demais para a moça.

— Eles não aceitam que nós acreditemos em outras divindades a não ser o Deus que eles acreditam, entende? — Dalila tomou o controle dando um resumo. — Você nasceu aqui? Nessa terra?

— Vim do México. — Madalena expôs de pronto, contendo o “senhora” que tinha costume de acrescentar no final de toda frase.

— Ah. — O olhar da mulher negra foi até Rosa e semicerrou os olhos, mas disfarçou logo depois. — Deixe-me ver. — Disse pensativa. — Attena vem das Filipinas e tem suas próprias crenças, eu sou de Cuba, sou cigana, tenho também a minha religião e eles não aceitam isso. Dizem a todo custo que o Deus deles é o certo, é o único que existe e querem que nós acreditemos nisso na base da força. Como você pode chegar até a mim e ter total coragem de berrar aos quatro ventos com o dedo apontado em minha face afirmando que a minha crença não existe? Que minhas entidades não existem? Que sou uma mentirosa? Se eu que tenho contato com a minha religião, se trabalho com isso, se tenho provas de como a espiritualidade agiu em minha vida, se tenho meus guias que conversam e fazem por mim desde muito pequena. Como irei concordar com você se amo meu povo e amo minhas crenças, amo aqueles que me acompanham?

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now