Visita.

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— Mandou me chamar, senhorita? — Madalena abaixou a cabeça e levantou assim como mandava as ordens.

— Sim, querida. Bom dia. — Passou pela serviçal e andou pelos corredores da casa até sair dela, iria fazer sua pequena caminhada matinal, passaria pelos jardins frontais cheios de flores, depois pelos laterais com frutas e pararia um pouco no de trás, onde tinha um banco e uma fonte de água. — Você ficou extremamente bela nessa cor, parece que acertei em cheio. — Se vangloriou e para completar o look todo vermelho, as bochechas da albina ruborizaram.

— Grata, senhorita... Gentileza sua. — Esforçou-se para não abaixar a cabeça ou esconder o rosto, essa era sua real vontade, assim como em todas as vezes em que era elogiada por Rosa.

— Fico ansiosa para ver os outros, imagino que estejam bonitos como você. — Revelou pensativa. — Ainda que ganhe disparadamente... — Sussurrou o elogio que não foi ouvido por Madá. — Tenho assuntos a tratar com a senhorita que não podem ser tratados com outra pessoa. — Informou deixando a outra mulher tensa.

— Comigo? Sim, senhorita. — Arregalou os olhos, mas tentou disfarçar o seu nervosismo, mesmo que por segundos o seu eu interior estivesse surtando. Sempre que a conversa era iniciada assim, boa coisa não viria depois.

— Existe um segredo que preciso lhe contar e espero ter a sua lealdade. De qualquer jeito se isso se espalhar, eu saberei quem foi. Não é uma ameaça, eu só espero que quem esteja ao meu lado não seja um lobo em pele de cordeiro, quero realmente confiar em você e quero que seja leal, não quero me arrepender de ter lhe dado o meu voto de confiança. — Foi um tanto dura, mas sorriu docemente e assentiu com a cabeça quando William passou por si. Sua gentileza sempre presente. — Como será a minha assistente pessoal, eu não terei como esconder meu segredos da senhorita, então terei de ser transparente. — Admitiu voltando com um tom um tanto mais baixo. — Prometa-me Madalena, que não contará a ninguém. — Parou e encarou a mulher.

— Sim, a senhorita tem a minha palavra. Eu prometo. — Respondeu de pronto sem titubear ou tremer a voz, isso foi convincente para sua chefe que assentiu e tornou a andar na intenção de se afastar do casarão.

— Ótimo. — Concluiu. — Irei receber uma amiga hoje, preciso vê-la antes do casamento, nos sentaremos para tomarmos um chá e prosear, claramente você ficará conosco. Para os outros serviçais quero que diga que ela é somente minha amiga, apenas uma visitante que veio me ver, mas quero que saiba que ela é algo a mais... Você entenderá quando começarmos a conversar, espero que não se assuste e caso não pense do mesmo jeito que nós, apenas respeite. — Ordenou pacientemente.

— Quando ela chegará? Quais são as suas exigências, senhorita? — Questionou na intenção de servi-la corretamente.

— Logo mais. Gostaria que a senhorita escolhesse o nosso chá, mas que seja um agradável de tomar. E não quero ninguém, além de nós três, no mesmo cômodo — Falou docemente.

Assim que o som do sino cantarolou, Madalena foi atender a porta sem esperar ordens, afinal aquele era o seu trabalho e ela odiava pensar que estava sendo lerda, não gostava de receber ordens óbvias porque ela sabia o que tinha que fazer e precisava cumprir o seu papel.

— Senti sua falta! — A mulher negra falou em um tom consideravelmente alto e eufórico para a amiga que viu no meio da sala. Nem sequer cumprimentou a serviçal, estava empolgada demais.

— Venha aqui. — Rosa ordenou abrindo os braços e recebendo o corpo da amiga no seu, apertando-a e demorando a soltar. — Você fica cada vez mais jovem, me conte o seu segredo. — Disse gentilmente fazendo a moça rir.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now