Trabalho em conjunto.

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— Posso lhe fazer um pedido? — Rosalinda perguntou observando a mulher em sua frente, a intimidade e a conexão entre elas havia voltado. — Na verdade dois. — Umedeceu os lábios nervosamente.

— Quantos a senhora quiser. — Madalena permitiu arrumando as saias do seu vestido.

— Primeiramente queria dizer que está encantadora. — Elogiou perdendo seus olhos no corpo da moça, trajava um dos seus melhores vestidos pois iriam sair. — Extremamente encantadora.

— Gentileza sua, senhora. — Sorriu timidamente, imóvel.

— Meu pedido de número um é para lhe tocar. — Mostrou que suas mãos tinham vontade, parando elas centímetros distantes da pele.

— Por favor, não precisa nem sequer pedir. — A albina respondeu tão rendida, mesmo que soubesse que não seria nada demais, era muito bom ser tocada por Rosa por mais singelo que fosse.

— O de número dois é se eu posso desfazer sua trança, caso se sinta confortável. — Fez o seu pedido e a moça assentiu. — Ficará ainda mais bonita se soltar seus cabelos.

Delicadamente Riveira tocou os fios brancos soltando o laço que prendia a trança, aos poucos seus dedos foram se enfiando nos cabelos e desfazendo de forma cuidadosa aquele penteado que também era bonito. Estava achando um máximo que Madalena iria sair com seus cabelos amostra, ela tendia a usar um lenço na cabeça e agora sua cor branca estava exposta, era diferente de todos, era única, era chamativa e o melhor de tudo, era extremamente bonita. Para Rosa, nada se comparava a beleza exótica que a mulher tinha, era um belo colírio para os olhos ainda que não tivesse um terço de noção.

Enfiou suas mãos intensamente no couro cabeludo dela justamente para soltar os fios que estavam presos ali e notou a moça se arrepiar tão violentamente que somente então percebeu o que fazia, era uma apelação das grandes, era um carinho bom e intenso demais.
Ela não demonstrou que havia gostado da reação e seguiu a desembaraçar os fios sem precisar de pente, no fim repartiu eles com calma, jogando os para o lado.

— Olhe e me diga se gosta assim. — Ofereceu o seu espelho pessoal para a moça que o pegou nervosamente e se encarou. Não estava irreconhecível, só muito diferente. — Está linda assim, mas podemos voltar com sua trança caso não esteja confortável.

— Deixaremos assim, está bom assim. — Assentiu com a cabeça ainda se olhando.

A porta da frente foi aberta, era uma casa simples, nada grande demais, bem bela e parecia que a dona dessa moradia havia deixado seu gosto pessoal interferir em tudo, tinha sua cara, nas flores que cresciam pelos canteiros e parede, por entre as grades, até na madeira rústica, era uma casa diferente.

Dalila apareceu sorridente já puxando Rosalinda para um abraço apertado, se vestia de forma mais despojada e sensual dessa vez, seu vestido tinha uma fenda enorme na saia e seus ombros estavam amostra, usava os cabelos soltos e tinha umas argolas grandes na orelha, também carregava algo nos olhos deixando eles ainda mais marcantes, mais pretos, bem mais hipnotizantes do que costumava ser.

Ela se surpreendeu ao olhar Madalena, achando-a diferente e mais ousada do que lembrava. Convidou as duas a entrar, fechando a porta logo depois, Rosa havia chamado a albina porque sabia que ela era discreta e porque queria que suas amigas a conhecessem, era um mundo diferente para a serviçal que não costumava estar perto de gente rica, não costumava estar perto de gente no geral, se sentia como um bicho do mato.

Os olhos de Madá percorreram pela sala e ela já pôde ouvir as várias risadas femininas bem presentes. Na decoração tinham instrumentos de trabalho de Dalila no canto da parede, uma mesa, baralhos, um altar, imagens de divindades, a casa cheirava a algum tipo de erva, talvez um alecrim, era agradável.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now