Cuidados.

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Madalena já tinha levantado e antes de fazer tudo por si, atendeu ao pedido da sua chefe, colocou a água no fogo para que ela tomasse um banho tão quente quanto o que desejava. A serviçal auxiliou sua melhor amiga em fazer o café e foi avisada de que apenas Rosalinda se encontrava na casa, Tomás já havia ido trabalhar e demoraria a voltar, estava viajando.

Era um péssimo momento para viajar, recém-casado deveria tirar um tempo para ficar com a sua noiva, para conviver e conhecê-la, todos eles sabiam que ele tinha dinheiro suficiente, se havia ido foi porque quis e não porque precisava, isso já mostrava que a caminhada da sua esposa talvez seria um tanto solitária demais. Era uma data importante e ele já havia deixado-a sozinha por escolha própria.

O tempo passou e nada de Rosalinda aparecer nem para desejar um bom dia, o horário do café se foi e agora preparavam o almoço com calma, Madalena não estava mais conseguindo disfarçar a sua preocupação, tinha medo de ir no quarto incomodá-la ou de invadir a privacidade da mulher, mas a sua não aparição era suspeita demais e sem querer se prejudicar sabendo que seus amigos também queriam dar recados a moça, mandou que Elizabeth fosse checá-la.

A menina foi e voltou com uma expressão de poucos amigos, disse que Riveira estava incomunicável e não queria que ninguém tornasse a voltar em seu quarto, gostaria de passar o dia sozinha e os assuntos pendentes resolveria depois, quando colocasse a cabeça no lugar. Não havia sido grossa, usou da sua gentileza, mas sua casca não conseguiu disfarçar que não estava muito bem, tanto que Beth também se preocupou com sua chefe.

Madá tentou se manter ocupada durante o dia, lavou a louça, as roupas, ajudou a arrumar a casa e decidiu cuidar do jardim frontal com calma na intenção de conter a sua vontade de bater na porta daquele quarto.

Enquanto estava ajoelhada na terra, cantarolando uma música e mexendo nas rosas brancas que haviam na área verde da casa, tomando cuidado com os espinhos, se entretia com as flores até que sentiu que alguém olhava para si, ainda tentou se concentrar no que fazia, mas por instinto procurou quem lhe assistia.
Observou primeiro o perímetro de baixo, janela por janela e as portas, os cantos das casas e a entrada, estava sozinha naquele lugar, então seguiu pelas janelas de cima até pegar Rosalinda no flagra, vestida em uma camisola branca, parada bem no meio do quarto encarando seriamente a serviçal que tomou um susto e por causa do solavanco perfurou seu dedo com um espinho.

— Valha-me Deus, tá que nem assombração agora. — Sussurrou para si.

E foi coisa de segundos, olhou para a mão identificando o dedo que sangrava e o colocou na boca, logo depois suas orbes retornaram para o mesmo lugar e a mulher já não estava mais ali.

— Não que ela seja feia, mas eu fico nervosa. — Completou seu comentário ainda com o dedo entre os lábios na intenção de estancar o sangue.

O dia caiu e a noite chegou, nada de Riveira sair daquele cômodo e Madalena se viu sem saídas, queria obedecer a ordem da sua superior, mas também era responsável pela vida dela então não se alimentar e não tomar um banho, sequer beber água, era preocupante e era um problema que a serviçal teria que resolver, Rosa quisesse ou não atendê-la, mas ela iria ter que tentar.

Ainda esperou que ela descesse para o jantar, mas visto que a mulher não deu as caras, preparou um chá e serviu com todo cuidado, deixando uma grande variedade, água, suco, café, chá, bolo e frutas, colocou em uma bandeja e foi levar, precisava fazer ela se alimentar nem que fosse um pouco, porque não havia comido nada durante o dia.

Madá bateu três vezes na porta e antes da resposta já ouviu uma tosse abafada, repetiu o gesto e Rosa respondeu de pronto que não iria abrir, que não queria absolutamente ninguém além dela naquele quarto. Sempre preparada, a serviçal tirou o molho de chaves do seu avental, separou a que achava que era do cômodo e totalmente desobediente ou não, cumpriu o seu papel que era cuidar da saúde dos seus senhores.
Ao adentrar o quarto, a albina já sentiu agonia extrema. Rosa estava jogada na cama de qualquer jeito, trajada em sua camisola branca em meio aos lençóis bagunçados, vestígios claramente deixados da noite passada.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now