Fazendo efeito.

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Aviso de conteúdo sensível.

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— Não imaginei que fosse mexer tanto comigo. — A albina falou de maneira arrastada, se sentia um pouco cansada e zonza, com os efeitos normais do álcool, a dificuldade para caminhar em passos assertivos também veio. — Agora a senhora que parece bem...

— Tenho costume de beber aquele específico. — Justificou o porquê que parecia sã. — Vamos, segure em mim, será mais fácil assim. — Cedeu seu corpo.

— Hoje foi um dia e tanto, não? — Questionou cruzando o seu braço com o da morena.

— Não foi? — Riram juntas. — Assim é bem melhor. — Avisou e se deu a liberdade de passar um braço de Madá por cima do seu pescoço e a envolveu pela cintura. Os corpos ficaram bem mais próximos.

A moça pálida que não esperava por essa atitude, ficou em silêncio, seu tom meio alcoolizado nunca deixava ela disfarçar o que tinha vontade de fazer e encarava Rosalinda mostrando que estava surpresa. Sentia-se diferente, algo havia mudado em si e não era o “diferente” que havia descrito a Elizabeth, era um diferente de ter coragem para fazer aquilo que sentia vontade, era como se tivesse um controle maior da sua consciência e dos seus impulsos, sabendo assim distingui-los.

— É normal estar assim? Zonza? Estranha? — Perguntou em curiosidade, sentia uma fome absurda. — Estou morrendo de fome, me perdoe por dar trabalho a você.

— Estranha? — Rosalinda riu com a descrição. — Imaginei que fosse ficar pior, nem foi preciso lhe carregar no colo, nem sequer vomitou.

— Tem gente que vomita? — Demonstrou seu choque ao descobrir a informação. — Então isso faz mal. Você já bebeu muito?

— Bebi, já bebi bastante há tempos, talvez seja por esse motivo que não mexe tanto comigo. — Deu de ombros sendo sincera, mal sabia ela que a maior dose de magia tinha efeito oculto e havia sido direcionado a si, achava que estava saindo ilesa, mas tudo não passava de enganação.

— Por vontade própria, senhora? — Madá abriu espaço para que ela entrasse na charrete e depois fechou todas as cortinas.

— Quando a gente se machuca normalmente queremos uma fuga da dor. Infelizmente essa era a minha fuga, essas sensações que está sentindo agora, eram triplicadas em mim e me faziam esquecer que eu estava machucada. — Foi aberta, falou de si e nem ao menos notava.

Suas mãos puxaram a serviçal pela cintura, fazendo com que ela sentasse ao seu lado, estava cheia de atitude já. Fez com que Madalena pousasse a cabeça em seu ombro com calma e levou uma das suas mãos até a perna dela, fazendo um carinho singelo. Não restou escolhas para a albina a não ser aceitar, era tudo que queria mesmo, aquela aproximação repentina havia vindo em uma boa hora.

— Já sofreu muito também? — Puxou assunto afim de conhecê-la mais adentro.

— Sim, mas só me permiti chorar nos braços daquelas que eu confiava e que agora são suas amigas também. — Confessou continuando com a sua carícia.

— No início dos meus dias em sua casa, a senhora me questionava sempre se tinha a minha confiança e lealdade, afirmei que sim em todas as vezes. Mas nunca soube da sua resposta em relação a mim, eu tenho a sua confiança e lealdade, senhora? — Fechou os olhos com medo da resposta e ouviu um pigarrear.

— Teria até se eu não quisesse, Madalena. — Foi simples e mostrava que aquilo não havia sido uma escolha só sua, do seu coração também e essa parte não sabia controlar muito. — Sei que sou fechada e levo fama de misteriosa, sei que já ouviu muitos boatos sobre mim, sobre minha personalidade e sobre meu jeito de agir, tenho meus motivos de ser assim, tenho certeza que todos que me julgam não aguentariam muito tempo em minha pele, ou você se blinda ou qualquer pedra é capaz de lhe derrubar. — Uma mão de Madá pousou por cima da sua. — Se não fizesse questão de tê-la em minha vida, você não estaria aqui, não mantenho pessoas nela por conveniência, é perca de tempo insistir em conviver com quem não gosta ou com quem não tem nenhuma utilidade para você. Relacionamentos gerais oferecem trocas e é o que temos, você me faz bem e espero que eu cause o mesmo em ti. Não sou de me expressar por meio da fala, mas só de eu pedir sua opinião para determinados assuntos já mostra que a quero, pois aqueles que não me acrescentam em nada, são como se não existissem.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now