Instável.

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Aviso de conteúdo sensível.

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Com uma pressa absurda de conversar com Rosalinda sobre o que havia aprendido com Elizabeth, Madá andou apressadamente pela casa com um severo cuidado para não fazer barulho porque já era tarde e todos já tinham ido dormir. Tudo bem que havia falado para sua amada que tomaria banho e a esperaria lá embaixo, porém não conseguia esperar e se a pegasse sozinha naquele quarto era melhor ainda.

Correndo descalça subiu as escadas, mas conseguia ser delicada, seus passos não eram nada pesados. Antes de entrar toda alvoroçada no cômodo, parou um tempo para puxar profundamente o oxigênio e arrumar o vestido leve do seu corpo. Tirou os fios de cabelo grudados no rosto e então se deparou com uma cena que a fez permanecer um pouco mais por ali... Estava começando a se acostumar a assistir situações por frestas de portas e janelas.

O sorriso totalmente cafajeste apareceu em seu rosto ao presenciar Rosalinda folgando os nós do seu corset e o retirando do corpo com seu vestido. A expressão alegre da albina foi indo embora assim como as vestes do corpo da morena, deu lugar a uma confusão grande e um assombro também. Dessa vez não ficou alegre por ver o corpo dela.

Apenas de calcinha ela estava, tirando uma cinta de couro que ficava acima da sua cintura e tinha embutido uma bainha que segurava exatamente a bendita faca que Madalena tinha achado abaixo do travesseiro. Era bem justo tanto que marcava a sua pele, teria que ser, para uma arma média como aquela.

Tudo então fez sentido, o hematoma que vivia do lado esquerdo do abdômen de Rosa e que causava dores a ponto de fazê-la mancar, não era por causa de esbarrões, era causado pelo cinto tão apertado que o punho da faca pressionava naquele lugar, já tornando a situação desconfortável. Por cima ela ainda colocava um espartilho extremamente apertado que seguia fazendo com que a arma acabasse machucando sua pele. Os rasgões disfarçados exatamente no mesmo lugar, nos vestidos, blusas e corset, agora tinham justificativa, seria fácil de sacar a faca por eles.

Com seu coração acelerado e com medo, Madalena se obrigou a continuar assistindo-a mesmo que a sensação que brincasse em seu corpo era de que estava sendo enganada, que talvez corresse perigo de verdade. Queria acreditar em toda narrativa da sua mulher, queria muito, mas que justificativa se dá para portar uma bainha com uma lâmina tão afiada? Parecia que Rubens não estava enganado no que dizia, talvez a serviçal se deixou levar pela conversa da morena e pelo amor que sentia por ela, assim não conseguiu enxergá-la de verdade.

Com toda calma, Rosa começou a folgar aquele objeto no seu corpo, agora se permitindo respirar fundo e em alívio. Apanhou outra vez a faca, verificou lâmina que reluzia e a guardou novamente, erguendo seu colchão e colocando ali porque sabia que era um lugar muito improvável de alguém achar e antes mesmo de suas serviçais mexerem, já estaria em seu corpo de volta.

Semi desnuda mesmo ela prosseguiu, concentrada demais em tudo o que fazia. Pegou a maleta que havia recebido do seu pai e a depositou em cima da cama, preparando-se. Criou coragem e abriu devagar também, ainda tinha medo de fazer barulho, mas acabou rindo ao ver o conteúdo contido ali.

Paralisada na porta, a albina sentia uma dor tão grande em seu coração que podia fazê-la desmoronar. A sensação de ver a real face de alguém que você fantasiou ou enfeitou durante todo tempo, era como se tivesse sido traída pelo seu próprio coração porque apesar da verdade escancarada em sua frente, preferiu negar e seguir o caminho contrário da sua mente.

Não bastando uma cena só, Rosalinda resolveu piorar, sem saber, bem mais a sua situação quando retirou da maleta um revólver todo preto e novinho em folha, brilhava tanto quanto a lâmina da faca.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz