Sem aviso.

106 18 0
                                    

Aviso de conteúdo sensível.

×

Tentando controlar as suas mãos, Madá lavava as batatas com calma em um balde, agachada, em paciência e com vontade tamanha de devolver a encarada que recebia no momento e que a deixava nervosa. Rosa do outro lado da cozinha assistia a serviçal trabalhar, o tom do seu olhar era de apenas curiosidade... Pelo menos era isso que ela queria passar.

Durante a manhã tinha sido estranho para as duas, por isso não haviam trocado uma palavra até então. Madalena tomou um susto na hora em que despertou e notou que Riveira dormia ao seu lado, infelizmente sua falta de cuidado acabou acordando também a sua senhora e concluíram em conjunto que teriam dormido por mais tempo que o esperado, já era tarde e a manhã tinha ido embora.

Agora a serviçal fazia o almoço e era assistida pela sua senhora com a desculpa de que não tinha nada demais a fazer, já teria resolvido os assuntos pendentes, já havia tentado se distrair com os jardins da sua casa e agora queria estar perto de alguém, não queria se sentir sozinha. Mas era um tanto contraditório já que havia dispensado a companhia de Elizabeth, ela gostaria da companhia de alguém específico e esse alguém era Madalena, mesmo que ficassem no mesmo cômodo sem nada falar.

A moça estava sendo seu maior apoio, Madá mal sabia de como Rosa se sentia, de como a noite com seu marido teria sido ruim, a sua presença fazia bem a sua senhora e Riveira costumava se divertir bastante com o jeito de falar, o andar um tanto desengonçado, de como a albina ficava nervosa ao ser questionada sobre algo que ia além do seu trabalho, de como suas mãos tremiam toda vez em que tocava na morena... Estava sendo extremamente agradável conhecer alguém novo, sendo esse alguém tão cativante. Era essa a palavra, Madalena era cativante.

— A senhora está a espera de alguém? — A serviçal se levantou e encarou a morena. — Eu teria colocado uma vestimenta melhor se soubesse que iríamos receber visitas. — Secou as mãos no avental e o retirou da cintura.

— Não espero por ninguém e odeio visitas sem aviso prévio. — Revelou o seu desgosto. — Sua roupa está ótima, vá abrir a porta. — Elogiou com um sorriso no rosto e preparou-se para atender quem quer que fosse.

Madalena também arrumou seus trajes e alinhou os cabelos rapidamente, então abriu a porta dando de cara com o homem que tanto odiava. Suas vestimentas eram as mesmas, estava mais barbudo e com o típico charuto, uma própria chaminé humana irritante, que lhe olhou com desgosto e desprezo de sempre.

— Quanta demora para me atender, você segue sendo imprestável, branquinha. — Foi a primeira fala dele soltando toda a fumaça no rosto da mulher.

— Desculpe meu senhor, eu estava longe. — E ela esqueceu de todos os ensinamentos passados por Rosalinda, o medo pelo homem era bem maior e ela abaixou a cabeça para ele. — Por favor, entre. — Deu passagem. — Deixe-me cuidar do seu casaco. — E começou a série de coisas que ela não gostava de fazer e agradecia por não passar todo dia, era legal com alguém que sentia vontade de estar perto, mas com o velhote, com certeza sentia desconforto.

Toda vez que essa frase era proferida pela serviçal, o homem exigia algo a mais depois justamente porque Madá tinha que tocar seu corpo no processo.

Com calma Madalena esfregou uma mão na outra para deixá-las quente o suficiente, porque ele sempre reclamava que as mãos dela eram geladas demais. Retirou o agasalho do homem sem nenhuma ajuda dele, desabotoando botão por botão enquanto controlava a sua respiração e tentava não encará-lo.
Seus olhos encheram de lágrimas ao sentir as duas mãos enrugadas e cheias de calos em seu corpo novamente, ele era bruto até quando não queria e causava nojo sem precisar de muita coisa.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now