Confusões.

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Em passos apressados Madalena tentava seguir Rosalinda que andava mais a frente, parecia furiosa com algo e não prestava atenção que a sua serviçal se esforçava para seguir ao seu lado. A albina ainda tentava chamar a atenção, às vezes dava uma encarada mais longa para que ela se tocasse, mas estava perdida demais em seus próprios pensamentos e nem sequer se ligava ao mundo ao seu redor, seu foco era somente chegar na loja de roupas e comprar as benditas camisas para o marido. Mas durante toda a caminhada, Madá quem precisaria prezar pela sua segurança e a de sua senhora, então pedia para que os carros parassem, era ela quem pedia licença, quem evitava esbarrões.

— Senhora, permita-me a grosseria agora. — A albina se cansou. — Mas o que raios deu em você hoje? — Franziu o cenho. Evitava se referir a mulher assim, até porque o respeito era tudo, também sabia que era péssimo que o primeiro assunto entre as duas, após o beijo, fosse uma reclamação.

— Ah, agora a senhorita irá falar comigo. — Ela debochou deixando Madalena totalmente intrigada, dessa vez a albina não tinha fugido, só não sabia o que fazer diante ao que havia acontecido entre as duas e por esse motivo esperava que quem desse o primeiro passo fosse Rosa, até porque era ela quem dava a liberdade e quem impunha limites.

— Não entendi. — Expressou em sinceridade ainda se esforçando para seguir. — Não é como se eu não tivesse falado com a senhora. — Resmungou.

— Claro, desculpe-me por ter esquecido que me deu um bom dia, somente. — Era um péssimo dia para discutir aquelas coisas. Abriu o seu leque e passou a se abanar, dando mais drama a cena.

— Oras e não é o suficiente? — Questionou sem entender absolutamente nada daquela situação.

— Para você é? Ótimo saber então, não passarei de um bom dia. — Deu de ombros e seguiu seu caminho, tinha plena noção de que estava agindo totalmente contrária a postura séria que tinha.

— Mas senhora... — Madá ainda tentou, mas foi totalmente ignorada pela mulher que entrou na loja e ainda fechou a porta em sua cara. — Bem que Rubens disse. — Concluiu baixinho enquanto também adentrava no estabelecimento.

— O que ouvi, Madalena? — É óbvio que não ia passar despercebido. Assim que a fala chegou nos ouvidos da morena, ela parou imediatamente e passou a dar passos para trás até chegar na albina, encarando-a de maneira intimidadora. — Rubens o quê? — Ergueu uma sobrancelha.

— Nada, senhora. — Respondeu temente a moça.

— Rubens o quê? — Repetiu a pergunta deixando claro que não sairia dali sem sanar sua dúvida.

— Disse que... Disse que a senhora desconta nos outros o seu estresse e que faz com que sintam culpa por algo que não fizeram. — Confessou baixinho já se sentindo mal por aquilo. Rosa claramente se abalou, mas manteve sua postura.

Era mentira e ela se esforçava justamente para não fazer isso, agia assim agora na intenção de dar uma dura em Madalena para que ela tomasse alguma atitude ou tivesse reação, questionasse, conversasse com ela sobre o beijo, somente por isso.

— Esse menino está testando os meus limites. Respeitoso ele, não? — Respirou fundo tentando se acalmar. — É maravilhoso descobrir que concorda com a afirmação. — Concluiu em tristeza fingindo que não e deixou a serviçal para trás.

Ai sim a albina havia se sentido mal, havia deixado seu coração pesar. Tudo bem que se entretia em suas conversas com Rubens, mas às vezes ele fazia críticas infundadas sobre Rosalinda, essa havia sido uma delas por pura implicância. Madá só havia tido um acesso de raiva e acabou reproduzindo o comportamento, não soube medir suas palavras.

O dia prosseguiu e Madalena notou o quanto estava sendo privilegiada porque não recebia o mesmo tratamento igual aos outros, tinha acesso a um lado de Rosalinda que ela não mostrava para todos e foi preciso perdê-lo para entender. Compreendeu a importância de não dar ouvidos para boatos e críticas, elas a deixavam levar e muitas vezes você acabava sendo injusto com a pessoa a quem apontava o dedo. Riveira constantemente sofria ataques assim e a sua serviçal só se sentiu mal por fazer parte deles.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Место, где живут истории. Откройте их для себя