Curiosidade.

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Madalena organizou os livros de capa vermelha empilhados na mesa do escritório, depois passou a separá-los e com um espanador de pó limpava-os tirando o excesso de poeira, pareciam não terem sido tocados fazia tempo.

O som das páginas sendo folheadas era audível, Rosalinda estava dando uma olhada para ver sobre do que se tratavam, mas nenhum assunto interessante via ali. Sentia vontade de pedir para que jogassem todos no lixo, mas pelo visto eram importantes para o seu marido então teria que guardá-los de volta. Sabendo que nem em sonho Tomás tinha lido pelo menos cinco unidades das centenas ali, apenas tinha por ter.

Havia decidido se levantar depois daquela série de sonhos que mexeram muito consigo, mas claramente Madalena não deixaria a sua senhora em paz nem que ela quisesse, porque tinha em mente que a mulher estava com medo por causa dos pesadelos, enquanto Rosa tentava se manter distante ao máximo possível para não despejar nada nela ou criar situações por causa do seu desejo e confusão mental.

— Da próxima vez você irá novamente comigo, todas elas gostaram bastante de você e pediram para que eu a levasse de volta, caso sinta vontade e caso tenha achado o mesmo delas. — Revelou distraidamente andando pela sala que tinha um cheiro de folhas velhas que incomodava as suas narinas.

— Confesso que me foi estranho de início pois não estou acostumada com isso tudo. — Comunicou pensativa brincando com as penas do espanador.

— Isso tudo? — Rosa questionou sem entender olhando para o tanto de livros com desgosto.

— Beber, eu não bebo. Eu também nunca vi mulheres se abraçando o tempo inteiro e gargalhando alto, conversando alto, fumando. — Argumentou listando o que era novo para si.

— Homens também fazem o mesmo, o tempo inteiro. — Deu de ombros fechando a porta daquela sala.

— Certo, mas são homens. — Expôs como se estivesse muito óbvio para si, como se aquela fosse uma justificativa plausível.

— E nós somos mulheres. — A morena rebateu usando do mesmo argumento, também fazendo Madalena assentir aceitando aquele fato. — Você gostou ou não? — Perguntou em curiosidade.

— Gostei bastante, senhora. — Admitiu envergonhada e fez Rosalinda rir. — Irei caso queira me levar.

— Sua presença é muito bem-vinda. — Informou agora abrindo a janela por causa do calor.

— Elas não são daqui, não é? Percebo uma diferença em Dalila e em Attena. — Compartilhou seus pensamentos afim de puxar assunto, visto que a sua senhora expusera minutos antes que não estava tendo entretenimento nenhum.

— Attena vem das Filipinas, é um país na Ásia, já Dalila vem diretamente de Cuba, no Caribe, por esse motivo não dominam nosso idioma por completo e você notou diferença nos trajes, nos traços que elas tem também. — Explicou para a sua serviçal com mais calma fazendo-a assentir.

— E como vocês todas se uniram? — Questionou começando a espirrar por causa da poeira.

— Elas já se conheciam por meio do trabalho, já que fazem a mesma coisa e esse meio costuma ser extremamente unido, se apoiam entre si. Eu já fui você, Madá. Genevive quem me levou em uma reunião delas e desde então virei amiga de todas. — Respondeu calmamente andando até uma rede que havia no escritório, sentou-se nela com calma e repousou as mãos sobre o colo. — Saía já daí. — Ordenou.

— Mas eu preciso terminar aqui, senhora. — Madalena se recusava insistindo em mexer naquela poeira.

— Deixa esse monte de tralha para lá, se eu pudesse jogaria tudo fora, não deixarei você ficar espirrando por um monte de coisas sem valor. Se Tomás quiser ler, ele que lide com a poeira, já que não teve cuidado nenhum ao guardá-los, muitos aí estão quase inteiramente comidos por traças. — Resmungou mexendo em seus saltos e ficando descalça. — Saia daí, agora. — Repetiu a ordem até que ouvisse o espanador sendo deixado na mesa. — Ótimo. — Falou em conclusão.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now