O maior presente que já recebeu.

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Puxou o ar tão forte igualmente a quem acaba de sair de um mergulho bem demorado, quem acaba de ficar minutos com a cabeça submersa na água, seus pulmões pediam arrego e ela quase gritaria por socorro... Caso conseguisse falar.

Sentia a mesma sensação de estar sendo enforcada por alguém sem dó nenhuma e uma mão grande, apertando com força, mas não passava de sensação, nada tinha ali.

O choro de desespero veio logo depois, até se sentou, soluçando e fazendo barulho, mostrava sua dor, tremia e seus pulmões doíam

Nada ouvia, nada via, apenas sentia dor, muita dor.

Seu corpo foi abraçado por trás com força, os braços envolveram-a em um acalento grande e uma cabeça pousou em seu ombro. Suas orbes desceram para baixo na adivinhação de quem era, até ver as pontas dos fios brancos. Mais uma vez sua coluna foi endireitada por causa do aperto, o corpo sendo colado com o seu.

— Rosa, tá tudo bem. — O sussurro agora foi notado, bem baixinho. A mão de Madalena subia e descia pelo abdômen da morena, por cima dos tecidos, ela ainda estava com roupa de dormir e conseguia sentir o carinho. — Tá tudo bem, amor.  — E o choro não cessava, ficava cada vez mais sofrido, dolorido.

Alguém deveria ter a machucado muito profundamente para algo como aquilo, era tão forte que seu corpo dava solavancos para frente. Rosa chorava como se tivesse perdido alguém que mais amava no mundo inteiro.

— Meu amor, já passou. — Madalena tentava a todo custo acalmar, ainda que estivesse toda estranha pela arma branca que viu durante a noite, Rosalinda ainda era Rosalinda e não negaria ajuda vendo o estado dela. Até porque nem sabia se aquilo era realmente dela, então era melhor seguir fingindo normalidade, iria oferecer seu colo a ela sim. — Tenha calma, por favor.

— Tá doendo. — Foi o que ela respondeu com seus lábios tremendo e fungando, não conseguia parar.

Pesadelo.

Pesadelo.

Pesadelo... Será que era um mesmo ou era um aviso? Ou seu interior se mostrando? Não saber disso era o que deixava Riveira mais perdida.

— Onde tá doendo? — Perguntou em atenção folgando mais seu abraço.

— Tudo. Tudo tá doendo. — Rosa fez com que ela voltasse a apertar. — Por favor, não me solte. De jeito nenhum. — Sempre depois de falar, vinha mais um turbilhão de lágrimas que não era capaz de parar.

— Não irei, só quero que tenha calma. — Passou a beijar a bochecha dela algumas vezes de maneira demorada.

— Eu necessito de Dalila aqui. Necessito. — Se deixava ser acarinhada ainda que seguisse em seus prantos fortes, ter Madalena ali já servia de muita coisa. — Mande alguém buscá-la, por favor. Eu estou implorando. — Sua respiração estava difícil, ofegante. — Você mandará? Por favor.

Madá estranhava o comportamento, nunca ouviu tanta súplica saindo da boca da sua senhora e tinha certeza que se pediu, era porque precisava. Não tinha como negar que Rosalinda era uma mulher forte e se estava daquele jeito, sentia muita dor.

— Faço o que você pede. — O carinho do abdômen partiu para as costas, fazendo ela se inclinar para frente para que recebesse melhor.

— Ta doendo tudo. Tudo. — Seguia repetindo com seu rosto enfiado no colchão e a voz abafada.

— Vai passar, amor. Só continue respirando, siga respirando. — Tentava pensar em algo.

Sua mente viajava em tantos lugares, na morena precisando de atenção, no pedido que ela fez, em ela ver Dalila com o supercílio cortado e isso poderia trazer mais emoções que naquele dia não era bom. Não era nada bom que ela passasse por mais estresse e angústias, mas a morena precisava ver a amiga, isso deixava Madá aflita.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now