Brutal.

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Aviso de conteúdo sensível.

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— Bom dia, Madá. Dormiu bem? — Rosa surgiu atrás da mulher, sussurrando e de bom humor. Bocejou preguiçosamente.

— Bom dia, senhora. Dormi, obrigada. — Foi pontual, nada tão cantarolante, gentil ou simpática. Recebeu o beijo na bochecha, mas nada fez, seguiu ali mexendo a carne para o almoço.

A morena franziu o cenho e se afastou estranhando o comportamento da sua serviçal. Antes a receberia de bom humor e sorriria para ela, ainda mais depois da noite que tiveram, achou que tinha deixado-a feliz e que estavam bem.
Sentou-se à mesa, cruzou as pernas e passou a observá-la, surpresa porque a mulher nem sequer a olhava, não puxava assunto, agia como se Rosa não estivesse ali.

— Está tudo bem? — Perguntou em atenção encarando-a, ela seguiu sem se virar.

— Está sim. — Informou terminando de colocar os recipientes em cima da mesa. — Tenha um bom apetite, senhora. Se me permite, irei me retirar, tenho outras funções para executar. — Sua fala estava correta demais, parecia até a Madalena do início da relação das duas. Não gostou disso.

— Não vai se juntar a mim? — Questionou cogitando pegar a mão dela, mas não o fez no final.

— Estou sem fome alguma. — Respondeu com as mãos em frente ao corpo. — Licença. — Pediu outra vez e não cedeu a encarada que recebeu.

— Toda. — Respondeu no mesmo tom ao entender que Madalena estava tratando-a assim porque queria.

E albina saiu dali um tanto perdida, mas cheia de si, só que agia conforme seus sentimentos e no momento não se sentia confortável para ser aberta, para trocar carinhos então não o fez, independentemente da importância que Rosa tinha ou não.

A queria perto, era fato, mas era tudo muito confuso para que ela processasse de uma hora para outra, em uma noite apenas. Fingia que não e passou um tempo assim, mas tinha noção dos seus sentimentos e entendia que se apaixonava mais por Rosalinda a cada dia que passava, a cada beijo que trocavam, a cada toque que recebia, só que muita coisa estava sem resolução naquela relação, se é que tinham uma, e ela precisava se entender consigo primeiro.

Como podia estar sendo tocada tão intimamente por uma mulher que no final da noite só lavava suas mãos e deitava ao lado do marido? Como podia ser tão fria assim se na frente dele o tratava como se fosse a pessoa mais apaixonada do universo? E o que Rosa sentia quando estava em sua presença? Eram só ensinamentos ou tinha algo mais? Era só Madalena quem se apaixonava? E elas ficariam somente nisso? Nessa troca de afeto vez ou outra, com um beijo aqui e ali sem saber a definição de nada? Sem saber até onde podia ir, até onde podia falar, até onde podia tocar. Rosa despertou um lado muito importante na serviçal, o questionador, e agora ele havia se tornado crucial para a mulher que precisava de explicações ou não conseguiria continuar agindo assim.

A albina não era tão ingênua, tinha esperado o tempo de Rosalinda contar, conversar como queria, mas ela não o fez e sabia que em um momento Madá iria chegar a esses questionamentos, a essas reflexões.

Algumas batidas na porta surgiram, eram singelas demais e a serviçal até achou que havia escutado coisas, até porque alguém que queria ser atendido normalmente tocaria os sinos. Só que o som se repetiu e ela adiantou-se para abrir.

Se surpreendeu ao ver Dalila que tinha a cabeça baixa, mas quando ergueu a assustou ao extremo, havia sangue escorrendo em seu rosto e seu supercílio tinha quase uma boca, um corte tão profundo aberto que fez Madalena até arregalar os olhos. O vestido estava sujo, o cabelo bagunçado, ela aparentava totalmente diferente do que costumava, já que era uma mulher muito graciosa.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now