Vontade.

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— E seu corpo? O que aconteceu quando viu as duas? — Sua carícia seguiu pelo braço desnudo e pálido da moça, os pelos pequenos dela já começavam a eriçar.

— Calor. — Era a palavra mais próxima que conhecia para o que sentiu. — Meu rosto esquentou e eu também, foi novidade e foi bonito, era bonito e forte.

— E você se imaginou fazendo isso com alguém? — Seus dedos passaram a brincar com os dela, aquele momento estava sendo bem significativo, Rosalinda nem percebia que fazia aquilo, só fazia.

— Com a senhora. — Respondeu de pronto sem nem esperar que ela perguntasse outra coisa, seu olhar se ergueu e a expressão de surpresa ficou tão evidente que até Madalena conseguiu ler. — Eu quis fazer com a senhora, mas quando olhei para você, estava com Genevive... Estava abraçada com Genevive. — A voz ficou mais séria ao falar da amiga da sua senhora.

— E o que faria se eu não estivesse? Me beijaria? — Pendeu a cabeça para o lado. Gostaria de compreender o porquê que o nome da mulher foi tocado, mais uma vez Madá deixava transparente que sentia ciúmes.

— Não sei o que faria, mas de qualquer jeito parei o que quer que eu fosse fazer. Não posso ficar agindo por impulso. — Mostrou um lado mais grosseiro, Rosa se atraiu até mesmo por ele. — A senhora me beijaria de volta? Caso eu fizesse, naquele dia, caso eu chegasse do nada, sem avisos.

— Naquele dia? — Gostaria de saber se o questionamento valia somente para aquele dia, ficou pensativa. É óbvio que ela retribuiria na frente das suas amigas ou não.

— É melhor que deixemos para lá. — Retirou a pergunta só por notar a morena pensando sobre ela, queria uma resposta de imediato e o medo de receber o “não” foi bem maior do que a sua vontade de saber o que ela falaria realmente. — Esqueça que lhe perguntei esse tipo de besteira. Eu sou uma boba. — Demonstrou uma frustração extrema.

— Fico de coração partido todas as vezes em que se trata desse jeito. — Rosalinda acompanhou a moça que se levantou, aquela conversa teria tomado um rumo que não esperava e se os ânimos não fossem acalmados, seria estressante. — Tenho tentado fazer com que se sinta importante e interessante, mas nada vale se não se olha dessa maneira. Não adianta quantos elogios eu faça ou o quanto a quero ao meu lado, mesmo em toda madrugada estando aqui com você, ainda não se sente importante e nenhuma das minhas atitudes vale se você não se deixa se sentir importante.

— Mas se é o que eu sinto, o que posso fazer? — Resmungou em chateação já pensando em sair daquele escritório. — Se a senhora nunca sequer olharia para alguém como eu e fico aqui que nem uma boba perguntando sobre beijos. Não sei como tenho a coragem de lhe questionar esse tipo de coisa, não sei como não tenho vergonha. Não sou ninguém perto de Tomás, piorou perto de Genevive e ainda, por alguns instantes, sou capaz de acreditar que me olha de outra forma e lhe encho de questionamentos estúpidos. Eu deveria me colocar no meu lugar. — Saía tão ríspida e cortante, que parecia até que brigava com Rosalinda, mas na verdade estava falando para si, discutia consigo. — Eu sou uma tonta mesmo.

— E de onde tirou isso tudo? — Riveira franziu o cenho sem acreditar no que ouvia, Madalena estava mais cheia de pensamentos do que imaginava ela, não sabia que a mulher se encontrava nessa confusão toda, se não já teria resolvido. Esteve tão perdida e focada em sua própria mente que não notou.

— De onde? De tudo o que já ouvi durante toda a minha vida, tirei da minha cabeça, óbvio. — Era até ignorante, porque expunha exatamente aquilo que achava correto e que estava crente que era a verdade. Até sentir as mãos de Rosa lhe agarrando pelos ombros.

— Mas não ouviu saindo da minha boca, ouviu? Ou estou delirando e falando coisa com coisa? — Interrogou a albina duramente, pouco se importava com o que os outros falavam. Se tinha algo que a irritava era quando tomavam como verdade alguma informação relacionada a si sem nem ao menos perguntar.

Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now