— Madá, me trouxe a toalha? Acabei esquecendo e você sempre se atenta a essas coisas... — Rosalinda juntava punhados de água dentro da banheira e jogava no próprio corpo desnudo.
Ao invés do perfume todo adocicado da sua amada, o odor de álcool, charuto, perfume barato e suor masculino invadiram suas narinas, fazendo ela contorcer o rosto em desgosto por já imaginar quem era.
Em segundos o homem apareceu cambaleante soluçando de tão bêbado que estava, não se preocupou nem em abotoar a blusa por baixo do blazer, ela só conseguiu encará-lo com dó, era triste alguém que levava a vida assim.— Eu tomei dela e a mandei ir dormir, porque agora vamos ter uma conversa de adultos. — A voz saía embolada demais e a morena precisou se esforçar para entender.
— Madalena já é uma mulher, é adulta. — Defendeu porque sabia que ele não gostava dela e a chamava de criança vez ou outra quando estava irritado. — A única conversa que terá comigo, será em sonho. Troque essas roupas e vá dormir. — Ordenou já cortando qualquer segunda intenção que tivesse.
— Mas amor... — Tirou o chapéu da cabeça e arrancou as roupas, ficando apenas de cueca.
Rosalinda até fecharia os olhos, mas não podia porque precisava se defender caso ele tentasse algo, estava impondo a sua resposta e tinha que ser firme para obter o respeito.
— Mas nada, Tomás. — Não queria conversa e se afundou mais na água para não deixar seu corpo desnudo visível.
— Rosa, eu sou seu homem. Você disse que me queria em casa e eu estou, vamos aproveitar. Vim pronto para me reconciliar com você, até lhe trouxe flores. — Capturou o buquê de volta e se aproximou para entregá-lo. Ela tinha achado bonito sim, mas vindo dele, aquele gesto nada significava.
— Agradeço o seu cuidado, mas um coração partido não se reconstrói com flores. — Foi dura e encarava ele querendo entrar na banheira. — Não ouse entrar ou estará me machucando mais ao fazer isso. — Fingiu uma voz embargada.
— Estou cansando desse seu drama, porque você não pode só simplesmente me abraçar e eu te faço feliz bem aqui. — Apontou para a cama, mal conseguia ficar de pé.
— Está cansado? Pensasse duas vezes antes de me trair. — Deu de ombros. — Me dê a toalha. — Esticou o braço para pegar.
Com um sorriso divertido no rosto, ele deu um passo para trás se afastando dela em brincadeira, estava tentando conseguir o que queria.
— Levante-se e venha pegar. — Desafiou erguendo o tecido em uma atitude totalmente imatura. Ele queria a todo custo ver o corpo nu.
— Tomás, me dê a droga dessa toalha. — Ordenou em uma voz bem mais séria, não estava para brincadeira.
— Levante-se, amor. Não há nada aí que eu já não tenha visto. — Encarava a água e o rosto dela, esperando.
— Mas agora você não é digno de ver nada do que está aqui, peça para Jesebel, tenho certeza que como uma vagabunda não irá nem titubear. — Revirou os olhos, cruzando os braços. — Me dê a toalha!
— Não quero Jesebel, quero você, Rosa. Eu já lhe disse que foi um erro de uma noite, estou aqui cheio de amor para lhe dar e você me recusa assim. — Ainda tentava brigar, mas até ele já dormia em pé. Ela pensou em dizer tanta besteira, mas se controlou.
— Sinto muito, mas agora recuso o seu amor. Ainda não está limpo o suficiente para se deitar comigo. — Já começava a sentir frio pelo tempo que ficou na água, isso seria prejudicial ao seu corpo.
— E o que quer que eu faça? — Questionou interessado.
— Que pense na sua atitude e aprenda a tratar a sua esposa como ela deve ser tratada, seu adúltero. — Vomitou as palavras sem nenhuma dó. — Me dê o inferno dessa toalha e vá dormir! Você está podre, mas acho que nem banho consegue tomar nesse estado.
YOU ARE READING
Em Outra Realidade - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)
RomanceRezava a lenda, há um tempo, de que o destino era o real regente de absolutamente tudo no mundo, havia se personificado e por meio disso escolhia pessoas "aleatórias" para viverem novamente em outra época por meio de um feitiço. A sociedade, temente...