Capítulo 48 - Vínculo.

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— Você sempre foi corajoso... Tudo o que eu fiz foi ficar do seu lado. — Carlos disse, ainda em meio ao abraço.

— Exatamente, você ficou. — Fernando olhou para ele enquanto o segurava, sentindo seu coração querer pular para fora da boca. — Desde quando você me trouxe para sua casa, você abriu seus braços e me acolheu.

— Era o mínimo que eu poderia fazer... — Carlos desviou o olhar, não querendo que um choro viesse naquele momento.

— Não, não era. — Fernando tocou as laterais do rosto dele, finalmente se encontrando com os olhos azuis. — Foi muito além do que precisava... E você não me abandonou, mesmo eu não facilitando pra você.

— E como eu poderia? — O instrutor murmurou, não podendo impedir que seus olhos marejassem.

— Você esteve do meu lado desde o começo. — O artista o acariciou nos braços, tentando conter o nó que formava em sua garganta. — No dia que recebi meus exames médicos, você estava lá. Estava lá quando decidi voltar a trabalhar. Também me apoiou quando fomos para o galpão e eu tive medo de encarar as minhas tralhas do passado...

— Foram dias importantes. — Carlos suspirou, sentindo sua voz ficar ligeiramente trêmula.

— E sabe o que esses dias têm em comum? — O artista perguntou, vendo o outro negar antes de voltar a dizer. — É que bastava olhar pra você que... que tudo ficava bem. Eu tirava uma coragem que não era minha pra encarar tudo. E você faz isso comigo. Faz com que eu me sinta capaz de tudo.

Carlos piscou em uma tentativa de aliviar sua visão turva. Aquelas palavras de Fernando eram mais do que tudo que já havia sonhado ouvir de alguém e parecia um sonho. O instrutor precisou fungar, recuperando o fôlego.

— E você é. — Carlos soltou um suspiro pesado enquanto seu queixo tremia.

— E hoje eu olho pra você todos os dias e penso: como é possível amar alguém tanto assim? — Fernando afirmou, vendo-o comprimir os lábios com ainda mais força. — Carlos, eu sei que eu não tenho quase nada a te oferecer, mas eu espero apenas que você possa retribuir todo o amor que eu sinto por você... Porque eu te amo. Eu te amo muito.

O instrutor deu o primeiro soluço pelo choro e não conseguiu responder imediatamente. Fernando queria aproximá-lo mais, agora sentindo o namorado enterrar a cabeça em seu ombro. O artista o aconchegou com força, apertando as costas dele com todo o seu amor.

Carlos tentou iniciar uma ou duas frases em meio ao choro, mas sua voz era abafada pelo ombro de Fernando. Não queria se afastar dele, queria poder ficar para sempre com os braços dele ao redor de seu corpo.

O instrutor sentia os afagos em suas costas e nada conseguia dizer. Sempre que tentava, voltava a soluçar. Carlos sabia que Fernando não se incomodaria caso nada dissesse, mas não era isso que queria. Queria poder olhar para o seu artista nos olhos e conseguir dizer palavras tão lindas quanto as dele.

Carlos não sabia há quanto tempo planejou e imaginou aquela situação em sua cabeça, mas nada poderia o preparar para aquilo. O instrutor respirou fundo novamente, não tinha mais nada no mundo que poderia desejar do que aquelas palavras.

— Eu nem sei o que eu fiz pra merecer tanto carinho... — Carlos murmurou, conseguindo se afastar minimamente para olhar para Fernando.

— Eu preciso mesmo dizer? — Fernando inquiriu, vendo o beicinho que ele esboçava e o nariz dele completamente vermelho pelo choro.

Carlos tentou rir, mas soluçou outra vez, em um misto completo de sentimentos. O artista também não pôde deixar de rir enquanto seus olhos inundavam simplesmente ao olhar para ele.

Indigente [COMPLETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora