Capítulo 74 - Terras Mortas

Start from the beginning
                                    

Xiaolu encolheu sua cauda de cobra, enrolou-se ao redor do corpo de Chu Huan e esfregou-se hesitantemente nele. 

Ela já era uma cobra grande e, embora parecesse bonita em comparação com outras cobras do mesmo tamanho, ainda era um animal de sangue frio com rosto feroz, e era bastante inusitado vê-la agir daquela forma mimada.

Nanshan não atingira Chu Huan com muita força, por isso, ele acordou em apenas alguns minutos. 

Mas... provavelmente na vida de uma pessoa, sempre há alguns momentos de altos e baixos, são as vicissitudes da vida.

Chu Huan disse baixinho: "Ele nos deixou...a mim e a você aqui?" 

Xiaolu soltou um som de "assobio", e o silvo da cobra varreu-lhe a face. Talvez fosse porque ela havia bebido a água da fonte sagrada, mas o fato era que ela não tinha o hálito de peixe, comum às bestas. Só fazia um pouco de cócegas.

"Shh," Chu Huan pegou o cetro de sua boca, olhou-o. Vendo que o antigo majestoso cetro do patriarca havia sido reduzido a um pequeno pedaço de madeira em sua mão, Chu Huan respirou fundo e seguiu o estreito espaço que aquela corrente de ar continuava sustentando para ele. E ele nadou até o topo da montanha.

Ele disse a Xiaolu: "Fique quieta, vamos ao topo da montanha encontrar a grande pedra branca na qual todos os segredos estão registrados." 

Ele disse isto de forma clara e inequívoca, sem mencionar Nanshan ou Yuan Ping. Um passo de cada vez, como se tudo estivesse sob controle. Apenas seus olhos demonstravam o quanto estava atordoado. 

Ir ao topo da montanha, encontrar a grande pedra branca e salvar as vidas de todos, antes que o cetro se apague, e depois?

Chu Huan parecia estar relutante em pensar em outras coisas. Por um momento, ele bloqueou, instintivamente, tudo o que deveria, não queria pensar, e sua mente estava clara, tudo o que restou foi "topo da montanha" e " pedra branca". Apenas essas duas palavras-chave.

Neste momento, da extremidade da passagem da montanha, uma rajada de vento soprou de repente, e as chamas do cetro saltaram. 

Chu Huan, sem pensar, estendeu a mão para bloquear o vento e segurou a frágil mas preciosa chama em seu peito. A chama pulsante foi ligeiramente absorvida pela pequena noz que ele trazia pendurada no pescoço.

O fogo tocou a carne de Chu Huan, e o cheiro de carne queimada era inconfundível. A carne e o sangue de uma pessoa viva pareciam ter injetado algum tipo de vitalidade estranha à chama moribunda. Chu Huan parecia não sentir dor alguma, e ele nem sequer grunhiu, era como se a queimadura não tivessem ferido sua pele e sua carne, ele não sentia mais nada.

Ele apenas enfrentou o vento e continuou a avançar. 

"Talvez eu seja queimado até a morte antes de chegar ao topo da montanha?"

Esse pensamento passou pela mente de Chu Huan, mas ele não sentiu que era muito sério ou terrível, e ele nem pensou em como lidar com isso.

Felizmente, quando chegou a este lugar de escuridão, era como se 'ele' tivesse ficado sem ideias. Era como se "aquilo" tivesse ficado sem truques. À medida que Chu Huan se aproximava do topo da montanha, a rajada de vento parou rapidamente.

A única coisa que sobrou do cetro foi o feixe com a chama. 

A carne escaldada no peito de Chu Huan às vezes era varrida pela água do mar. Isso era equivalente a jogar sal na ferida. Era uma tortura, e ele parecia ter queimado as terminações nervosas pois não sentia nada.

De repente, houve um súbito clarão vermelho quente que brilhou na pequena noz que estava pendurada silenciosamente em seu peito. Chu Huan não viu, mas Xiaolu percebeu. Colocando a cabeça no ombro de Chu Huan,  ela olhava atentamente para a pequena noz que subia e descia com a respiração de Chu Huan. Xiaolu observava a chama, como se esperasse por uma presa.

Sobre montanhas e rios (Of mountains and rivers - Shan He Biao Li - 山河表里)Where stories live. Discover now