Kid apenas se levantou de seu canto onde dormia confortavelmente na sala, para os seguir. Os dois foram ao quarto e o cachorro se acomodou no tapete do cômodo, encontrando um bom conforto antes de se deitar.
Carlos agora tratava de ajudar o outro sonolento. Não tinha um lugar definido em que gostava de dormir na cama, então apenas deixou Fernando escolher. Desligou o interruptor assim que o artista se aconchegou, dando a volta para se deitar ao lado dele.
Pela pouca luz que entrava da porta entreaberta, podia ver Fernando se esforçando para manter os olhos abertos. E enquanto o artista lutava contra o sono, era coberto por Carlos, que puxava o edredom sobre os dois, agasalhando-os confortavelmente. Ao terminar, o instrutor já podia ver que os olhos dele tinham definitivamente pesado de sono.
O artista voltou a respirar profundamente e Carlos olhou-o por alguns segundos, sentindo a necessidade de se aproximar mais. Ficou frente a frente com ele, sua vontade era de abraçá-lo, mas não queria o acordar. Então tudo o que fez, foi deixar um beijo suave em sua testa, lhe desejando carinhosamente uma boa noite de sono.
♢♦♢
Já era manhã e, além de Fernando, Kid era o único acordado. Carlos mal se mexia, respirando pesadamente ao lado dele. O artista se concentrava em admirar a beleza do outro e nem percebia o sorriso bobo que ostentava apenas por estar ali.
Se lembrou de algumas poucas vezes que Carlos cochilou ao seu lado durante o seu momento nas ruas. E sequer imaginava que estaria algum dia naquela situação, tendo dormido juntos na cama dele por uma noite toda.
Apenas parou de olhar para o rosto angelical e ligeiramente amassado pela fronha, quando o cachorro inquieto chamou sua atenção. Teve que se levantar para levar Kid até o quintal, tentando fazer o mínimo de movimentação possível no colchão para não despertar o outro.
Bocejava enquanto abria a porta para o cão impaciente e, ao vê-lo sair, pôde ir se arrumar. Já estava devidamente apresentável quando foi preparar o café, tão distraído com os próprios pensamentos que mal percebeu quando dois braços envolveram sua cintura.
— Bom dia, Portinari. — Carlos beijou seu ombro.
— Bom dia. — A frase quase não saiu da boca do artista, completamente sem jeito pela surpresa.
— Eu fui dormir com um homem bonito do meu lado e acordei sem ele... — O instrutor riu e soltou-o do abraço, ficando à sua frente.
— Eu não sei onde esse homem bonito está. — Fernando satirizou, deixando o bule de lado.
— Mais tarde eu te mostro onde ele está. — Carlos falou em um tom debochado e sugestivo. — E você dormiu bem?
— Dormi sim. — Respondeu, ainda sem encará-lo, apenas olhando o café que estava coando.
Carlos riu baixinho ao notar a timidez que conseguiu provocar no outro, segurando a vontade de apertar suas bochechas. Se afastou dele apenas para dar alguns passos para o lado, pegando xícaras, voltando a se aproximar dele antes de perguntar:
— Você já comeu, Nando?
— Ainda não, eu ia esperar você se levantar. — Fernando serviu as xícaras que ele segurava antes de fechar a garrafa térmica.
— O que vai querer comer? Eu faço. — Carlos deu o primeiro gole em seu café.
— Não estou com fome agora... — Deixou a garrafa sobre a mesa, recebendo a outra xícara dele.
— Então tá, a gente pode comer daqui a pouco. — O instrutor puxou uma das cadeiras para se sentar. — Nossa, a massagem que você fez em mim foi milagrosa, não tô sentindo mais nada no pé!
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...
Capítulo 38 - Diálogo.
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