Capítulo 38 - Diálogo.

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Kid apenas se levantou de seu canto onde dormia confortavelmente na sala, para os seguir. Os dois foram ao quarto e o cachorro se acomodou no tapete do cômodo, encontrando um bom conforto antes de se deitar.

Carlos agora tratava de ajudar o outro sonolento. Não tinha um lugar definido em que gostava de dormir na cama, então apenas deixou Fernando escolher. Desligou o interruptor assim que o artista se aconchegou, dando a volta para se deitar ao lado dele.

Pela pouca luz que entrava da porta entreaberta, podia ver Fernando se esforçando para manter os olhos abertos. E enquanto o artista lutava contra o sono, era coberto por Carlos, que puxava o edredom sobre os dois, agasalhando-os confortavelmente. Ao terminar, o instrutor já podia ver que os olhos dele tinham definitivamente pesado de sono.

O artista voltou a respirar profundamente e Carlos olhou-o por alguns segundos, sentindo a necessidade de se aproximar mais. Ficou frente a frente com ele, sua vontade era de abraçá-lo, mas não queria o acordar. Então tudo o que fez, foi deixar um beijo suave em sua testa, lhe desejando carinhosamente uma boa noite de sono.

♢♦♢

Já era manhã e, além de Fernando, Kid era o único acordado. Carlos mal se mexia, respirando pesadamente ao lado dele. O artista se concentrava em admirar a beleza do outro e nem percebia o sorriso bobo que ostentava apenas por estar ali.

Se lembrou de algumas poucas vezes que Carlos cochilou ao seu lado durante o seu momento nas ruas. E sequer imaginava que estaria algum dia naquela situação, tendo dormido juntos na cama dele por uma noite toda.

Apenas parou de olhar para o rosto angelical e ligeiramente amassado pela fronha, quando o cachorro inquieto chamou sua atenção. Teve que se levantar para levar Kid até o quintal, tentando fazer o mínimo de movimentação possível no colchão para não despertar o outro.

Bocejava enquanto abria a porta para o cão impaciente e, ao vê-lo sair, pôde ir se arrumar. Já estava devidamente apresentável quando foi preparar o café, tão distraído com os próprios pensamentos que mal percebeu quando dois braços envolveram sua cintura.

— Bom dia, Portinari. — Carlos beijou seu ombro.

— Bom dia. — A frase quase não saiu da boca do artista, completamente sem jeito pela surpresa.

— Eu fui dormir com um homem bonito do meu lado e acordei sem ele... — O instrutor riu e soltou-o do abraço, ficando à sua frente.

— Eu não sei onde esse homem bonito está. — Fernando satirizou, deixando o bule de lado.

— Mais tarde eu te mostro onde ele está. — Carlos falou em um tom debochado e sugestivo. — E você dormiu bem?

— Dormi sim. — Respondeu, ainda sem encará-lo, apenas olhando o café que estava coando.

Carlos riu baixinho ao notar a timidez que conseguiu provocar no outro, segurando a vontade de apertar suas bochechas. Se afastou dele apenas para dar alguns passos para o lado, pegando xícaras, voltando a se aproximar dele antes de perguntar:

— Você já comeu, Nando?

— Ainda não, eu ia esperar você se levantar.  — Fernando serviu as xícaras que ele segurava antes de fechar a garrafa térmica.

— O que vai querer comer? Eu faço. — Carlos deu o primeiro gole em seu café.

— Não estou com fome agora... — Deixou a garrafa sobre a mesa, recebendo a outra xícara dele.

— Então tá, a gente pode comer daqui a pouco. — O instrutor puxou uma das cadeiras para se sentar. — Nossa, a massagem que você fez em mim foi milagrosa, não tô sentindo mais nada no pé!

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now