Capítulo 36 - Conquista.

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Fernando levantou os olhos, enxergando a apreensão refletida na feição do outro. A televisão ainda estava ligada e era o único som que se podia ouvir naquela sala nos próximos segundos.

— Na verdade, eu... — Fernando precisou pigarrear para o som sair de sua garganta. — Eu estava certo de que não voltaria, de que deixaria você viver sua vida em paz. Seja ajudando qualquer andarilho por aí ou pegando todos os bichos de rua que você conseguir...

Carlos não conseguiu ficar sério com a afirmação, também podendo ver uma expressão cômica no rosto do artista enquanto ele continuava a falar:

— Mas eu não consegui. Eu só sabia que eu precisava ver você e nem sabia o porquê. — O artista precisou umedecer os lábios secos ao olhar para a expressão arrebatada do outro. — Era uma necessidade tão grande que nem cabia em mim... Quando eu cheguei aqui, toquei a campainha e só aí me dei conta do que eu estava fazendo. Eu pensei: o que é que eu vou falar pra ele?

Carlos permaneceu em silêncio, adorando ouvir com tantos detalhes sobre o que tinha se passado pela cabeça do artista ao voltar. Apenas queria continuar o ouvindo e nunca mais parar de olhar para aquele rosto que quase nunca esboçava o que sentia.

— Não demorou nada para que eu começasse a ficar ansioso e eu só me afastei, pensando que tinha sido uma péssima ideia. — Fernando riu de si mesmo, agora passando a mão no rosto. — Eu levei um baita susto quando você me abraçou... Mas também fiquei aliviado, porque se não fosse você, acho que eu não teria coragem. Então não pense que agiu errado...

— Que bom, isso é muito bom. — Carlos apertou os olhos em uma feição de total contentamento. — Eu sei que eu posso abusar da sua boa vontade, mas eu posso melhorar.

— Não precisa mudar em nada... Eu não quero que pense que me forçou a estar aqui... Eu fiquei aliviado quando vi a forma que você me recebeu. — Fernando viu outro sorriso no rosto angelical à sua frente. — Eu te agradeço.

Carlos apenas suspirou aliviado e se aproximou mais. Precisou descruzar as pernas para puxá-lo para um abraço desajeitado. Apertou-o com tanta força e apenas afrouxou seus braços quando teve certeza de que ouviu algo estalando.

Fernando riu com o som de suas costas e retribuiu o gesto, não conseguindo depositar a mesma força que ele, mas com a mesma intenção. O artista não conseguia dizer em voz alta que apenas queria um outro abraço desde que havia chegado, ficando satisfeito quando o recebeu.

— Você não tem que me agradecer, Nando... — Falou, com a voz abafada pelo ombro dele.

Fernando sentiu-o afrouxar o abraço aos poucos, então deixou seus braços escorregarem pelas costas dele enquanto percebia que Carlos não queria se afastar. O instrutor apenas foi para trás o suficiente para o olhar de perto. Os olhos azuis pareciam brilhar e o artista não sabia se era pelo outro estar emocionado ou se definitivamente tinha acabado de se apaixonar um pouco mais por ele.

Carlos deslizou uma de suas mãos para a bochecha de Fernando, fazendo o contato visual que expressava o seu desejo no momento. Sua boca foi o alvo da aproximação e foi tomada pelo instrutor cuidadosamente.

O beijo podia ser calmo e não passar de uma pressão aprofundada de seus lábios unidos, mas Fernando mal podia respirar. Com a mão de Carlos repousada em seu pescoço e a outra em seu rosto, sentia-se sem saída. O beijo dele apenas complementava o conjunto da mais perfeita tentação.

Suas bocas deram um pequeno estalo ao se separarem por um milésimo de instante. E em um segundo movimento, partindo dessa vez do artista, seus lábios se colaram novamente. Não estavam acelerando, apenas mantinham seus rostos unidos em um selinho longo, reforçando a intimidade que queriam ter.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now