Capítulo 35 - Esperar.

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— O Murilo e a Michele? Ou a equipe médica? — Carlos quis saber, sentando-se ao lado dele.

— A Michele e esse falso, cara de pau, filho da...

— Calma! — Riu, interrompendo-o. — Você quer que eu tente falar com eles? Talvez eu possa convencer, não sei. É só uma ideia.

— Não acho que vai resolver... — Eduardo afirmou desacreditado, agora olhando diretamente para o amigo. — Mas e você? Tá tudo bem? Você tava dormindo?

— Não, eu tava acordado. Por quê? — Respondeu, sem entender o olhar alarmado do outro.

— Seus olhos tão inchados... Tá tudo bem, cara?

— É que eu tava chorando um pouquinho, mas por coisa boa. —  Carlos riu, brincalhão. — Depois eu te falo.

— Depois você me fala o escambau! Já não basta ter que ficar esperando um dos bonitos me darem notícias da minha própria namorada! Você vai me contar! Ah, você vai! — Eduardo reclamou outra vez, por fim rindo com sua própria indignação.

— É que o Nando voltou pra casa...

— Voltou?! Quando foi isso?!

— Hoje. Na realidade, agora pouco. Quando você ligou ele tinha acabado de chegar. — Carlos sorriu bobamente, como se não acreditasse no que falava.

— Por que não me disse antes?! Se tivesse me falado eu não atrapalhava vocês!

— É exatamente por isso que eu não falei. Você precisava de ajuda. Eu estou aqui só por você essa noite.

— Tá doido? O que você tá fazendo aqui? Vai lá ficar com ele! — Eduardo exclamou, vendo o amigo rir baixinho.

— Ele disse que ia me esperar voltar, então fica tranquilo. Agora vai, me conta como foi esse jantar... — Reafirmou decidido. — Como acabou nisso tudo?

A ansiedade de Carlos em estar com Fernando não interferia na notável preocupação dele com a situação de Monique. Eduardo sorriu, se prontificando a contar um pouco mais sobre sua noite. Com  o outro lhe dando total atenção. Só poderia agradecer internamente por ter um amigo como ele.

♢♦♢

Carlos permanecia sentado em uma das poltronas de espera ao lado do amigo. Pouco falavam quando passos apressados de salto feminino quebravam o silêncio dos corredores do hospital. Para Eduardo, aquele som era praticamente familiar, se sentindo obrigado a olhar em direção ao barulho.

Uma mulher negra de meia-idade e de rosto conhecido se aproximava de ambos. Ela ajeitava a alça em seu ombro ao se deparar com quem queria encontrar, em seguida abrindo os braços carismaticamente.

— Não precisava ter vindo, mãe. — Eduardo falou, já de pé e abraçando-a.

— Eu só vim te ver um pouquinho. — Cleonice sorriu, precisando retomar o fôlego por andar rápido. — Seu pai tá trabalhando, mas ele disse que pode sair mais cedo se você precisar dele.

— Fala pra ele não se preocupar. — O filho rebateu, reparando na respiração da mãe. — Eu vou pegar uma água pra você. Já volto.

Carlos viu o amigo se afastar, ao mesmo tempo que se levantava e se aproximava para também recepcionar a mulher. Não demorou para ser abraçado por ela, ouvindo-a exclamar:

— Oi, meu filho! Você também tá aqui! — Ela exclamou, abrindo o sorriso carismático o qual Eduardo tinha herdado. — E que isso com seu pé? Tá machucado?

— Não foi nada demais. — Carlos sorriu em resposta, se afastando do abraço.

— Nossa, mas faz tempo que eu não te vejo, né? Como você tá bonito!

Indigente [COMPLETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora