— O Murilo e a Michele? Ou a equipe médica? — Carlos quis saber, sentando-se ao lado dele.
— A Michele e esse falso, cara de pau, filho da...
— Calma! — Riu, interrompendo-o. — Você quer que eu tente falar com eles? Talvez eu possa convencer, não sei. É só uma ideia.
— Não acho que vai resolver... — Eduardo afirmou desacreditado, agora olhando diretamente para o amigo. — Mas e você? Tá tudo bem? Você tava dormindo?
— Não, eu tava acordado. Por quê? — Respondeu, sem entender o olhar alarmado do outro.
— Seus olhos tão inchados... Tá tudo bem, cara?
— É que eu tava chorando um pouquinho, mas por coisa boa. — Carlos riu, brincalhão. — Depois eu te falo.
— Depois você me fala o escambau! Já não basta ter que ficar esperando um dos bonitos me darem notícias da minha própria namorada! Você vai me contar! Ah, você vai! — Eduardo reclamou outra vez, por fim rindo com sua própria indignação.
— É que o Nando voltou pra casa...
— Voltou?! Quando foi isso?!
— Hoje. Na realidade, agora pouco. Quando você ligou ele tinha acabado de chegar. — Carlos sorriu bobamente, como se não acreditasse no que falava.
— Por que não me disse antes?! Se tivesse me falado eu não atrapalhava vocês!
— É exatamente por isso que eu não falei. Você precisava de ajuda. Eu estou aqui só por você essa noite.
— Tá doido? O que você tá fazendo aqui? Vai lá ficar com ele! — Eduardo exclamou, vendo o amigo rir baixinho.
— Ele disse que ia me esperar voltar, então fica tranquilo. Agora vai, me conta como foi esse jantar... — Reafirmou decidido. — Como acabou nisso tudo?
A ansiedade de Carlos em estar com Fernando não interferia na notável preocupação dele com a situação de Monique. Eduardo sorriu, se prontificando a contar um pouco mais sobre sua noite. Com o outro lhe dando total atenção. Só poderia agradecer internamente por ter um amigo como ele.
♢♦♢
Carlos permanecia sentado em uma das poltronas de espera ao lado do amigo. Pouco falavam quando passos apressados de salto feminino quebravam o silêncio dos corredores do hospital. Para Eduardo, aquele som era praticamente familiar, se sentindo obrigado a olhar em direção ao barulho.
Uma mulher negra de meia-idade e de rosto conhecido se aproximava de ambos. Ela ajeitava a alça em seu ombro ao se deparar com quem queria encontrar, em seguida abrindo os braços carismaticamente.
— Não precisava ter vindo, mãe. — Eduardo falou, já de pé e abraçando-a.
— Eu só vim te ver um pouquinho. — Cleonice sorriu, precisando retomar o fôlego por andar rápido. — Seu pai tá trabalhando, mas ele disse que pode sair mais cedo se você precisar dele.
— Fala pra ele não se preocupar. — O filho rebateu, reparando na respiração da mãe. — Eu vou pegar uma água pra você. Já volto.
Carlos viu o amigo se afastar, ao mesmo tempo que se levantava e se aproximava para também recepcionar a mulher. Não demorou para ser abraçado por ela, ouvindo-a exclamar:
— Oi, meu filho! Você também tá aqui! — Ela exclamou, abrindo o sorriso carismático o qual Eduardo tinha herdado. — E que isso com seu pé? Tá machucado?
— Não foi nada demais. — Carlos sorriu em resposta, se afastando do abraço.
— Nossa, mas faz tempo que eu não te vejo, né? Como você tá bonito!
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...
Capítulo 35 - Esperar.
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