Capítulo 30 - Distância.

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Tinha terminado de colocar um curativo no dedinho e agora estava de toalha, avaliando o que usar de seu armário. Por não ter pensado no que usaria com antecedência, uma pilha de roupas se formava em cima da sua cama. Já achava que antes tinha garantido sua posição de apaixonado incorrigível, mas tinha se enganado, essa sim era a visão de alguém completamente sem saber o que fazer para impressionar outra pessoa.

Nada que vestia parecia bom o suficiente, não queria parecer formal demais, nem que havia acabado de acordar. Apenas queria algo que dissesse que se importava com o que vestia ao mesmo tempo que estivesse confortável.

Pensou no que poderia acontecer caso Fernando chegasse e ainda estivesse de toalha. Não pôde deixar de rir após um cenário malicioso surgir em sua mente por alguns segundos. Aqueles pensamentos em relação ao artista estavam cada vez mais frequentes e, querendo ou não, não conseguia contê-los.

Finalmente se vestiu, ainda deixando-se levar por sua imaginação um tanto quanto fértil. E enquanto pensava se usaria sapatos fechados ou chinelos, ouviu o som da campainha. Kid também anunciava a chegada de alguém e Carlos se levantou imediatamente, calçando os chinelos por serem mais rápidos e pegando as chaves, indo com pressa abrir o portão.

Até tinha se passado em sua cabeça que poderia ser outra pessoa, mas ainda bem que estava errado. Quem esperava estava exatamente ali, carregando uma mochila, o que apenas reavivou suas esperanças. Não evitando pensar que se tudo desse certo, poderia convencê-lo naquela mesma noite a ficar.

— Oi! — Carlos abriu um sorriso que parecia largo demais para uma simples recepção, mas que no momento não conseguiu conter ao vê-lo.

— Eu me atrasei um pouco, me desculpa.

— Imagina, você chegou bem na hora.

Fernando passou pelo portão e o instrutor precisou reprimir a vontade de abraçá-lo. Queria estar o recepcionando da forma que Kid o recebia, aos saltos, lambidas e, até mesmo, alguns arranhões. Riu sozinho contendo outro pensamento indecente enquanto iam para dentro da casa.

— Coloca a mochila no sofá. — Carlos ofereceu, logo lembrando-se de que ele provavelmente queria pegar os itens pessoais. — Você prefere pegar suas coisas agora ou jantar primeiro?

— Eu acho que já vou ir lá pegar, não tem muita coisa. — O artista respondeu.

Carlos não demorou a pensar que sua frase poderia não ter soado bem, odiava não ser bom com as palavras. Não queria parecer que estava o expulsando de lá quando era o contrário, queria que ele ficasse.

— Ah... Nando. — Chamou-o, antes que ele pudesse seguir adiante para o corredor.

— Oi?

— Você pode passar a noite aqui se quiser... Quantas noites quiser. — O instrutor dizia, com medo de se embaralhar.

Fernando sorriu como se o agradecesse, acenando afirmativamente antes de seguir para o corredor. O instrutor não queria parecer incisivo, então apenas o deixou ir sozinho para o próprio quarto.

Carlos o esperou na cozinha, conferindo o forno e vendo que faltava pouco tempo para a lasanha ficar pronta. Deixou a mesa pronta e sentou-se, aproveitando para descansar um pouco as pernas já que mal havia conseguido parar desde que chegou do mercado.

O artista elogiou o cheiro bom ao chegar na cozinha, já tendo deixado sua mochila na sala. Juntou-se a ele na mesa e viu a quantidade de porções de frios sobre a tábua de madeira. E antes que pudesse comentar do exagero de aperitivos, viu que Carlos o servia um copo de suco, não deixando de notar o curativo.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now