Capítulo 28 - Irremediável.

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— Nunca é bobagem. — Eduardo pousou as sacolas sobre a mesa de jantar e desembalou o que comeriam. — Eu trouxe essas saladas prontas que você gosta, dessas que vem com frango desfiado junto. Você já jantou?

— Não, ainda não. — Foi ao armário pegar os pratos e tigelas. — Mas e então, como estão as coisas com a Mô?

— Ela tá muito bem agora, graças a Deus. Passei a tarde com ela hoje, se eu não tivesse que acordar cedo eu até teria dormido por lá. — Informou-o, agora parando para se sentar. — A única coisa não resolvida ainda é o irmão mala dela.

— Ainda não estão se bicando?

— Ainda não tive outra interação com ele, tudo o que falei com ele você já sabe. Mas eu sei que eu preciso mudar isso, então eu tô pensando em dar uma segunda chance pra conhecer ele. — Eduardo frisou, deixando claro seu desconforto. — Eu vou fazer um jantar em casa. Quem sabe se ele me conhecer um pouco melhor, mude essa concepção dele. É o que eu espero.

— Ah, um jantar é uma boa ideia. Mostra seriedade. — Carlos depositou os temperos sobre a mesa e sentou-se ao lado do amigo.

— E eu não quero te forçar a ir, mas se eu tivesse uma mãozinha no dia, me ajudaria muito. — Eduardo abriu um sorriso interesseiro.

— A situação é tão delicada assim?

— Olha, se não fosse pelo fato da Monique ser quase uma mãe pra ele, eu realmente não estaria me sentindo tão pressionado pra ele gostar de mim. — Eduardo passou a mão pela testa, sabendo que teria trabalho pela frente. — Inclusive, foi a amiga da Mô que deu a ideia do jantar, então espero mesmo que funcione.

— Eu posso ir, sim. Mas já adianto que eu não tô no clima de festa. Caso a ajuda seja pra socializar e manter um bom clima, isso eu não consigo fazer... — Carlos voltou a exibir o olhar angustiado de antes. — Mas eu posso te ajudar a recepcionar todo mundo, a cozinhar, limpar.

— Quero que você vá como convidado, mas se não estiver bem, não precisa ir. — Eduardo logo entendeu que a tristeza do amigo permanecia. — Eu sei que você vai ficar melhor logo.

Ambos se serviram e enquanto comiam, Eduardo pensava seriamente em questionar sobre o sumiço de Fernando, mas tinha medo de que o amigo não quisesse falar daquilo no momento.

— A Marcela já mandou os convites da confraternização, né? — Carlos mudava de assunto, sem tirar os olhos de sua salada. — Eu ainda não sei se eu vou. Você já decidiu se vai?

— Você sabe, tem esse lance da Marcela e da Monique, então é meio chato ir... Ao mesmo tempo que se eu não for, é capaz da Mô pensar que eu quero esconder ela dos meus colegas de trabalho. Então eu ainda não sei se vou. — Eduardo garfou as folhas com pressa e encheu a boca.

— Na hora você vai saber o que fazer. — Carlos respondeu-o, também comendo.

O assunto se esvaiu e Eduardo podia ouvir os sons de mastigação do amigo. Não que o outro não tivesse bons modos, mas a cozinha estava tão silenciosa que a salada sendo comida prevalecia.

— Ele só dorme, né? — Eduardo encarou o cachorro deitado em um canto, pensando no que dizer.

— É, pensa em um bicho preguiçoso. Eu saio pra passear com ele e logo ele já quer parar. Tá sedentário. — Carlos riu baixinho e olhou para o amigo, vendo-o mudar completamente a expressão.

— Ah, eu não aguento mais! Me fala o que tá acontecendo, vai! — Eduardo disse, impaciente. — Você só me disse que o Fernando não voltou e nem deu detalhes

— É complicado... — Abandonou o garfo após parar de comer.

— Eu não saí de casa em um domingo à noite à toa! Só saio daqui com uma boa fofoca ou justificativa do seu desespero. — Eduardo declarou brincalhão, fazendo o amigo finalmente rir.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now