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Era meia-noite quando Carlos tirou o carro da garagem, torcendo para não estar atrasado demais para buscar Fernando. Apenas em poucos momentos saiu de casa tão tarde. Lembrava-se de socorrer Eduardo quando ele teve uma infecção de urina, também de buscar alguns amigos e familiares na rodoviária. E com esse pensamento, não teve como não rir ao ouvir a voz de André lhe dizendo que ele precisava sair mais. Sua vida noturna era inexistente.
Foi cada vez ficando mais perto da pizzaria e encontrou um bom lugar para estacionar assim que chegou. Teve que sair do carro para ter uma boa visão e para que o amigo o localizasse rapidamente.
Voltou para o veículo assim que notou que o artista caminhava em sua direção.
— Você não precisava vir me buscar. — Fernando falou, após entrar no carro.
— É claro que eu precisava! — Carlos rebateu, sorrindo animado. — Eu assumo que é por interesse, eu tô muito curioso pra saber como foi. Se você gostou do trabalho, essas coisas...
— Você não tá com sono?
— Nem um pouco. — Voltou seu olhar ao artista antes de dar partida. — Ah, eu deixei um prato feito pra você na geladeira. Você já comeu?
— Eu acho que nunca comi tanta pizza na vida. — Afirmou, rindo de si mesmo. — As fatias que o pessoal não escolhia no rodízio voltavam para a cozinha e aí eles reaqueciam pra gente.
— E nem trouxe nada pra mim? — Debochou, fazendo o outro rir.
— Pode deixar, eu trago uma pizza inteira da próxima.
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Sexta-feira, 23 de setembro.
Carlos esfregava os olhos após acordar, bocejando enquanto procurava seu celular. Todo o restante de sonolência que estava em si fugiu de seu corpo ao notar que já era mais de meio-dia. Saltou da cama e foi ao banheiro. Já estava jogando água no rosto ao se lembrar de que ainda estava de férias e não precisava se preocupar tanto.
Saiu de seu quarto, já trocado. E procurando por Fernando, o encontrou no quintal, brincando com Kid de ir pegar um graveto. Observou os dois, caminhando até o artista. Quando o cão percebeu que seu outro dono estava por perto, correu em direção a ele, pulando e colocando as patas sobre o quadril do instrutor.
— Oi Kid, bom dia! — Carlos ria enquanto afagava o bichinho. — Ou boa tarde, né? Você sentiu minha falta?
— Eu já coloquei a ração dele. — Fernando informou, se abaixando para novamente pegar o graveto que brincavam.
— Ah, obrigado. Eu não queria ter acordado tão tarde. — Carlos afirmou, sem conseguir controlar o bocejo vindo. — Deixa que eu faço o almoço hoje. Vi que você já arrumou a cozinha.
— Não foi nada. — Jogou outra vez o graveto para o cão, que voltava a correr empolgado. — Você tá precisando de alguma coisa do mercado? Eu posso ir pra você.
— Não, por enquanto, não. — Carlos respondeu, olhando o cachorro voltando em direção a eles, saltitando e largando o graveto babado em seus pés. — Eu vou passar um café, você vai querer?
— Eu sempre quero. — Fernando abriu um sorriso verdadeiramente sincero, que fez Carlos se distrair do que tinha perguntado por alguns segundos.
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Carlos apenas aceitou o fato de que não levaria Fernando ao trabalho, porque não encontrava a sua carteira e não queria dirigir sem a habilitação. Deixou que ele saísse para pegar um ônibus e ainda estava frustrado por isso.
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...
Capítulo 25 - Presente.
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