Página 19. Recomeço.

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- Droga, não dá pra sair! - Junpei empurra a cortina com o ombro. - POR QUE NÃO DA PRA SAIR? - Chuta e rosna.

- E-energia... - Haruka franze o cenho. - Amaldiçoada... - Aperta sua camisa. - D-des...

- Desculpa, eu não sei muito sobre isso. - A levanta. - Mas vou te manter segura. - Volta a correr e só para quando chega ao campo de futebol. - Pronto, aqui deve ser longe o bastante. - A coloca deitada no banco, rasga um pedaço da camisa e faz um curativo em seu braço. - Isso deve ajudar com o sangramento.

- Hm...

- Desculpe, Tachibana-san! - Senta no chão e coloca as mãos na cabeça. - Eu sinto muito! - As lágrimas começam a cair. - A culpa é minha, porque sou um fraco, inútil. - Fecha os olhos. - Acabei colocando meus únicos amigos em perigo, sinto muito!

- A... A culpa não é s-sua. - Murmura e ele a olha. - Você só está... Machucado. - Sopra e fecha os olhos. - Foi ele, aquele espírito amaldiçoado se aproveitou disso. - Contrai as bochechas. - Mas a culpa não é sua.

- É sim. - Abaixa a cabeça e fecha os punhos. - Se eu tivesse sido capaz de me defender antes, se não fosse fraco--

- Você não é! - Levanta e senta no chão a seu lado. - Você é forte, Yoshino Junpei!

- Por que está dizendo isso?

- Porque é a verdade. - Sorri. - Eu não sei o que fizeram com você, mas sei como se sente por causa disso.

- Não, não sabe!

- Eu sei. - Coloca a mão na perna esquerda. - Sei perfeitamente, porque já estive no seu lugar.

- O quê?

- Eu sempre gostei de pintar e estudar. - Sorri. - Nunca achei que isso poderia ser, nas palavras de algumas garotas da minha turma do fundamental, "esnobe." - Começa a desamarrar a bota esquerda. - Uma vez, na aula de química em um experimento envolvendo ácido clorídrico, teve um "acidente" - Puxa a bota, desce a meia e mostra a cicatriz, que vai de um pouco acima do joelho, a panturrilha e alguns respingos no pé.

- Deus!

- Se não fosse a bota de proteção que eu estava usando no dia, teria perdido a perna. - Abaixa a cabeça. - Mas essa nem é a pior parte.

- Qual é?

- Era pra ter pego no meu rosto. - O olha. - Mas uma das amigas da garota se arrependeu e tentou impedir, não teve muita sorte pelo que pode ver.

- E a sua mãe?

- Na Bélgica! - Levanta a meia. - Ela voltou correndo, mas como eu disse, trataram como um acidente, não fez diferença.

- Essas garotas tem haver com o seu medo do escuro? - A observa amarrar a bota. - Não é?

- Foi numa sexta-feira. - Fecha os olhos e suspira. - Me trancaram no armário do zelador. - O olha. - Eu fiquei lá todo final de semana, só me encontraram na segunda de manhã.

- Eu n-nem sei o que...

- Tudo bem! - Sorri. - Eu sou grata por aquilo, foi quando pararam de ver aquelas coisas como brincadeiras, as garotas foram expulsas, fichadas na polícia e minha mãe processou todos, incluindo a escola. - Olha pra cima, vendo a cortina cobrir o céu. - Precisei de meses de terapia, mesmo assim, estou melhor que aquelas garotas, pois nunca faria aquilo com ninguém. - O olha e sorri. - Aquela experiência me fez ver que eu realmente era forte e descente.

Jujutsu Kaisen- O segundo demônio. (Megumi Fushiguro.) FINALIZADA!Where stories live. Discover now