Capítulo 03

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Suspiro pela terceira vez enquanto levo a xícara aos lábios e ouço Sofya caçoar da minha falta de sorte

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Suspiro pela terceira vez enquanto levo a xícara aos lábios e ouço Sofya caçoar da minha falta de sorte. Pois é, eu deveria ter ficado de boca calada.

Mas não, eu tive que contar à ela e desde que ficou sabendo da fatídica notícia de que serei a responsável do Terceiro A, justo a sala do garoto que eu mais detesto naquela escola, minha amiga não para de encher o meu saco com piadinhas de mau gosto.

No fundo, eu sei que ela me odeia. Eu sei.

– O universo é engraçado, não é?! – diz, sentando-se ao meu lado.

– Ele até pode ser, você eu já não tenho certeza...

– Aaahh, mulher azeda! – dá-me um tapinha no ombro – Eu não tenho culpa da sua falta de sorte, só estou me aproveitando da situação para rir um pouco.

Encaro minha amiga de canto de olho e solto um suspiro derrotado.

– É karma. Não tem outra explicação.

– Você deve ter sido uma péssima pessoa na sua vida passada.

– Nossa... – rio soprado – Eu devo ter jogado pedra na cruz, mesmo.

– Acho que sua última vida passada foi um "pouquinho" depois da época de Cristo.

– Ok, eu devo ter jogado pedra em um cachorro então, ou num velhinho. Talvez dado início a Segunda Guerra Mundial?! Sei lá...

– Velhinho não, velhinhA. Por que você provavelmente deve ter jogado a pedra na vida passada da diretora da sua escola e isso explicaria o fato de ela ter escolhido logo você para ficar como responsável pelo tal Terceiro A. – ri e morde um pedaço do biscoito de chocolate – Ou, se foi o caso da guerra, com certeza ela é um inimigo abatido que quer vingança. Imagina só, uma rixa que será levada por várias reencarnações se não for resolvida?!

Volto a encarar Sofya por mais alguns segundos e termino o meu café num gole.

– Sério Soso, pare de assistir séries. Elas estão mexendo com a sua cabeça.

– Ei! Deixe minha queridas séries fora disso, entendeu?! Se estou ficando louca com teorias da conspiração e reencarnações, a culpa não é delas.

Rio alto com sua fala e expressão contrariada. Levanto, coloco as louças sujas dentro da pia e saio em direção ao quarto, sendo prontamente seguida por minha amiga.

Sofya continua falando e falando no meu ouvido, e eu apenas concordo e sorrio ao ouvi-la defender tão assiduamente suas séries. Pelo menos ela esqueceu completamente de continuar me azucrinando com a história de eu ser responsável.

Termino de me arrumar e logo estamos no carro, saindo para mais um dia de trabalho e, milagrosamente, mais cedo do que de costume. A rotina é a mesma. Velocidade, comida e canções cantadas à plenos pulmões. E, claro, Sofya tagarelando como as aulas no estúdio de dança estão animadas e que daqui a dois meses haverá um concurso regional entre grupos. O qual me fez prometer antecipadamente de ir.

𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃Onde as histórias ganham vida. Descobre agora