Capítulo 91

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Eu sempre acreditei que não tinha vocação para cuidar de alguém

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Eu sempre acreditei que não tinha vocação para cuidar de alguém. Afinal de contas, paciência e destreza nunca foram os meus pontos fortes. Porém, sempre fiz o meu melhor quando a situação me exigia isso, por exemplo, como agora. Sobretudo quando se trata de cuidar das pessoas que eu amo, e por Sofya, ainda mais.

E é exatamente por essa razão que estou colocando o meu lado cuidadora em ação.

Embora os meus dotes culinários não sejam muito bons, preparo uma canja de galinha bem caprichada, com direito a pedacinhos de legumes e frango. Assim como a receita indica, deixo o caldo ferver um pouco mais para engrossar e aproveito esse tempinho para dar as vitaminas que o médico indicou para Sofya depois que foi liberada.

Pego o frasco sobre o balcão e um copo com água.

– 'Tá na hora do remediiiiiinhoooooo!! – grito, erguendo as mãos para mostrar a minha amiga deitada no sofá.

Geralmente eu não sou a animada e sim a chata e resmungona, mas quero alegrar a Sofya e não me incomodo de tomar o seu lugar por uns dias; ela sorri e levanta devagar, até estar apoiada no encosto do móvel, ainda envolta por sua manta favorita.

– São vitaminas, sua boba. – diz.

– Tem forma de remédio, está em um frasco tipo de remédio e provavelmente tem gosto de remédio. Ou seja...

– Me dá logo esse treco!

Ponho uma das cápsulas gelatinosas em sua mão, a qual leva a boca e engole com ajuda da água. Sento ao seu lado depois de largar o copo sobre a mesinha de centro, lembrando-me de ficar atenta a panela no fogo. O sorriso que antes enfeitava o meu rosto se vai, assim como o seu.

– Você está bem? – pergunto, mesmo sabendo a resposta.

– Apesar dos pesares, sim. Estou bem melhor.

Solta um suspiro e junta os joelhos contra o peito, abraçando-os. Olho para a TV, onde passa um programa qualquer e ficamos as duas em silêncio por um instante. 

– Sabe que não pode esconder isso para sempre, não é?! – me pronuncio.

– Ainda que eu queira fingir, sei que não.

– E quando pretende...

– Não sei! – corta-me, aflita – Tenho pensado nisso desde que sai do hospital. Na verdade, desde que recebi a notícia. Mas, mesmo que eu pense e pense, me vejo perdida no mesmo lugar. 

Agora sou eu quem solta um longo e profundo suspiro. Não faço ideia do que dizer. Apesar de eu defender a ideia de que deve logo falar e fazer o certo, tenho consciência de que não é tão fácil quanto parece, especialmente porque o cenário está longe de ser dos mais favoráveis para ela.

Quer dizer, para ambos.

Se o que me contou for verdade, isso vai ser uma bomba - se bem que, seria uma bomba de qualquer maneira. A questão agora é: quando ela será detonada.

𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃Onde as histórias ganham vida. Descobre agora