Any Gabrielly é uma brasileira que está trabalhando em Londres como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 18 anos, que ainda por c...
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Uma vez que termino de digitar, começo a revisar o que escrevi. Sei que é apenas um teste, mas quero que o texto esteja impecável antes de enviar. Afinal, quanto melhor estiver, maiores serão as minhas chances de conseguir a vaga. É algo temporário, eu sei, mas que talvez abra novas portas no futuro - assim espero e torço.
Tenho que dizer que encontrar o anúncio de correspondente esportivo freelancer para competições e esportes de rua, foi uma grande sorte. Nesses últimos meses, eu pensei e repensei sobre o que poderia fazer, se voltaria ou não a dar aulas, e essa oportunidade me fez perceber que, ainda que eu goste muito de lecionar, está na hora de embarcar em uma nova aventura.
Infelizmente e por muitos motivos, o sonho de ser atleta de ciclismo BMX e competir profissionalmente acabou ficando para trás, porém, trabalhar com algo que me possibilita estar perto do esporte que eu tanto amo é uma chance que não posso perder. Por isso, sequer hesitei em mandar o meu currículo e topar fazer o teste.
Releio as pouco mais de 600 palavras, um tamanho razoável para uma matéria, à procura de possíveis erros ou lacunas soltas. Repito o processo mais duas vezes. Porém, sabendo que posso deixar passar alguma coisa, chamo Sofya para que dê uma olhada. Uma segunda opinião é sempre válida.
– Você ainda está na frente desse notebook? – ela pergunta, entrando com o buzininha no colo, que sorri ao me ver – Vamos nos atrasar se não for logo com isso.
– Eu já terminei. Só preciso que dê uma olhada, para garantir que não há erros ou falta alguma coisa. Além disso, você ao menos começou a se arrumar, então para de encher o meu saco.
– 'Tá, tudo bem. – suspira – Segura o Lih um pouquinho.
– Vem com a titia Any, buzininha.
Estico os braços e pego-o no colo. Ele abre um sorrisinho banguela, deixando a mostra as pequenas covinhas marcadas em suas bochechinhas, iguais às do Bailey, e balbucia qualquer coisa na sua linguagem de bebê enquanto agarra os meus cabelos.
Usando a mesma voz que Sofya costuma usar para falar com ele (a qual, indiscutivelmente, eu aderi também), sopro contra a sua barriguinha lhe fazendo coceguinhas e digo:
– Huuummm... Que neném mais cheiroso. – ele solta mais uma risadinha – Lih, seu bebê festeiro, você sempre fica todo animado quando vamos sair, né?!
De um lado para o outro, balanço com ele no colo enquanto conversamos e trocamos sorrisos, e Sofya termina de ler o meu texto. É incrível como em tão pouco tempo, Liam cresceu e vem se tornando cada vez mais esperto. Aquele pinguinho de gente agora já está com quase sete quilos e muito maior. No entanto, algumas coisas não mudaram e eu duvido que irão mudar, como o seu dengo e a buzininha quando chora. Ah, claro, e a sua inclinação a gostar de uma festa.
– Pronto! – minha amiga diz, levantando – Adorei o texto, Any, e tenho certeza que eles também irão. Essa vaga é sua, doçura da minha vida número 3! A propósito, sem erros, como se espera de uma professora de literatura.
