Any Gabrielly é uma brasileira que está trabalhando em Londres como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 18 anos, que ainda por c...
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A movimentação no espaço próximo ao evento é relativamente grande. É a final do campeonato que venho acompanhando desde ontem. Competidores e convidados andam de um lado para o outro procurando por seus respectivos lugares e eu, estrategicamente posicionada, preparo a câmera e o meu bloco de notas.
Ser correspondente esportiva é mais interessante do que eu imaginava. No início, reconheço que apostei na vaga mais para estar próxima dos esportes que eu gosto. Porém, com as experiências e o conhecimento que fui ganhando, percebi que, sim, essa era a profissão que eu sonhava. Tanto que estou pensando em fazer um curso de jornalismo ou algo do tipo. Poder unir os esportes e as palavras foi a melhor coisa que aconteceu (entre outras várias).
Na companhia de outros jornalistas e correspondentes, aproveito que faltam alguns minutos para a primeira prova começar e mando uma mensagem para Noah. Apesar de ter citado com "naturalidade" ontem à noite, sei que essa tal conversa com o produtor artístico responsável pelos trainees o deixou nervoso.
Ele disse que sairia por volta das 14h e, levando em consideração que são quase 15h, já deve estar por lá.
A resposta demora um pouco a vir. Noah comenta que ainda não entrou na sala do produtor, mas que dará notícias assim que sair. E combinamos de comer uma pizza fora e passear em busca de algo interessante para fazer (apesar de eu ter em mente que nada é mais interessante do que tê-lo nu e a minha disposição na cama).
Ao longo da tarde, faço o meu trabalho. Fotografo, anoto partes importantes e os movimentos mais marcantes de cada competidor. Por mais que seja uma competição freestyle, os organizadores dividiram as provas em duas modalidades: a freestyle, que consiste em um mix das diversas técnicas como saltar, realizar manobras, etc. E a street, onde os participantes fazem saltos extremos, giros e deslizam alguns objetos.
Por volta das seis, temos os vencedores e a competição é dada como encerrada. Feliz por mais um trabalho cumprido e animadíssima com os planos que tenho para essa noite, guardo o meu material e disparo para casa. Ele não enviou nem uma mensagem depois daquelas que trocamos mais cedo, mas acredito que provavelmente já tenha voltado.
Após minutos compartilhando "calor humano" no ônibus e de enfrentar um pequeno trecho de trânsito no meio do caminho, estou em casa. Sem perder o sorriso, subo as escadas. Estou tão empolgada, que não há nada que possa mudar o meu bom humor.
Bem, era o que eu pensava.
Pois no instante em que abro a porta e deparo com Noah sentado no sofá, em completo silêncio e olhando fixamente para a parede, com a perna balançando nervosamente para cima e para baixo, minha animação desaparece como fumaça.
O que aconteceu?
Sendo gradativamente dominada pela tensão, largo a bolsa e os tênis no canto da porta, e me aproximo de onde está. Ele não olha para mim, embora seja evidente que percebeu a minha entrada. Meu coração começa a bater depressa. Sua expressão é séria. Muito séria.
