– Vamos deixar que o veja sozinho. Depois o visitaremos. – Noah sugere.
– Valeu!
Com as palmas das mãos suando e frias de novo, sigo a enfermeira através do corredor lateral e dobramos a segunda porta a direita. Há um grande vidro, cobrindo toda a extensão da parede, e de onde posso ver vários berços um ao lado do outro.
– Nós estamos esperando a mãe descansar um pouco e logo mais o bebê poderá ir para o quarto individual, ficar ao lado dela. – a enfermeira explica enquanto eu procuro ansiosamente o bercinho do meu filho – Venha, vamos entrar.
Visto uma touca e um avental de mangas longas, além das luvas e uma máscara, tudo para proteger os recém-nascidos. Volto a segui-la e paramos diante um dos bercinhos, e ela sequer precisa dizer que esse é o meu menino, porque sinto isso no meu coração.
– Quer segurá-lo?
Só concordo, sem falar. Há um nó na minha garganta.
A enfermeira pega-o com cuidado e explica como devo segurá-lo. Um pouco temeroso, retraio no instante em que ela o coloca nos meus braços, mas vou relaxando conforme tomo consciência do seu corpinho. Meus olhos enchem-se d'água. Toda a tensão, o medo, a ansiedade. Tudo se vai. Tudo desaparece e só existe ele.
– E aí, meninão?! – murmuro com a voz embargada – Eu sou o seu papai.
Tão pequeno. Tão frágil e... Tão lindo.
Inevitavelmente, eu começo a chorar. Acaricio os chumaços de cabelinhos escuros e ralos no topo da sua cabeça e sorrio feito um grande idiota.Eu nunca imaginei que poderia sentir uma felicidade dessas.
A enfermeira me observa com uma expressão gentil e então fala:
– Ele está usando a manta do hospital, porque a mãe não pôde, devido as circunstâncias, trazer a mala com os pertences deles. Seria bom que vocês pedissem para alguém ir buscar. É mais cômodo para a estadia deles nos próximos dias.
Porra! Esqueci completamente a mala deles no quarto.
Tenho que ir ou pedir para a Any ou o Noah.
– Tudo bem. Eu vou resolver isso.
Devolvo toda a atenção para o meu filho, dormindo tranquilamente no meu colo. Fico absorto em seus traços, suas mãozinhas e na forma como mexe o narizinho. Nem dou importância para as lágrimas secas em minhas bochechas. Estou encantado demais por esse serzinho para me preocupar com coisas tão banais.
– Ei, garotão. Alguém já disse que você é um rapaz bonito?
– Ele é muito parecido com você.
Levanto a cabeça depressa e me surpreendo ao encontrar justamente quem eu menos esperava - mas, no fundo, queria que estivesse comigo nesse momento também.
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𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃
RomanceAny Gabrielly é uma brasileira que está trabalhando em Londres como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 18 anos, que ainda por c...