Capítulo 108

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– A diretora Charlotte quer falar com você

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– A diretora Charlotte quer falar com você. – o professor de biologia murmura, num tom tão incerto que me surpreende – Pediu que fosse a sala dela assim que chegasse.

Observo-o uns segundos e balanço a cabeça devagar, entoando que entendi. Vou até a minha mesa, onde ponho os meus pertences e instintivamente dou uma espreitada em Lamar, que permanece calado e com o mesmo olhar nervoso derramando-se sobre mim.

Penso em lhe dar um sorriso, mas sou incapaz de lembrar como se faz esse gesto. Estou tão rígida quanto ele.

Saio da sala da mesma maneira que entrei, sob os olhares de todos e e escutando murmúrios dos alunos. Tento caminhar o mais decididamente possível para a sala da diretora, mas, a cada passo, fica mais difícil.

Agarrando-me no último resquício de esperança, procuro me convencer de que não é nada demais, somente outro ataque de reclamações da Charlotte por algum motivo sem sentido. Afinal, já passamos por isso e não seria uma novidade.

Só que, lá no fundo, o mau-pressentimento grita que dessa vez é simplesmente mais do que reclamações. E, instantaneamente, todos aqueles temores me acometem.

Paro diante a porta e a encaro. Minha respiração, antes falsamente controlada, agora está rápida e curta. Fecho os olhos por um instante e respiro fundo. Não há para onde correr. Não há mais como correr.

Bato na porta duas vezes e escuto um "entre", curto, grosso e raivoso. Busco ar uma última vez antes de descer a maçaneta e entrar, para então perdê-lo em segundos ao deparar com Noah de pé e diante a mesa da diretora. Paraliso no lugar e nossos olhares se encontram.

Fomos descobertos.

– Entre e feche a porta. Agora! – Charlotte rosna e a minha única opção é obedecer.

Faço como manda e me aproximo de sua mesa um tanto vacilante. Paro à alguns centímetros de distância de Noah, e tenho que conter a vontade de segurar firme a sua mão.

Preciso do seu contato, do seu conforto e da sua força, assim como posso notar que precisa de mim. Mas sei que nesse momento é impossível. Temos que enfrentar sozinhos as consequências das nossas escolhas.

Caímos em um silêncio profundo e perturbador. Mantenho a cabeça levemente abaixada, à fim de não tornar tudo pior, e então percebo várias fotos espalhadas sobre papéis. São fotos nossas, bem como fotos da Sofya e do Bailey.

No fim, estavam mesmo nos vigiando. Não eram apenas nos meus sonhos.
Aqueles eram sonhos. Isso é um pesadelo. Um pesadelo real.

– Eu não tenho nem palavras para explicar a indignação que estou sentindo. – Charlotte se pronuncia. A fúria nítida em sua voz – Uma professora e um aluno. Juntos. Bem debaixo do meu nariz.

Tanto Noah quanto eu permanecemos calados. Não há o que explicar. Não quando tudo é verdade e as fotos estão ali para comprovar.

– Desde quando? – ela pergunta.

𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃Onde as histórias ganham vida. Descobre agora