Nos dias que se seguem, resolvo visitar os meus tios na Cornualha. Sou recebido com alegria e tenho no aconchego da minha família um reconforto.
Minha tia comenta que Any tornou a visitá-los, alguns meses atrás. Conta que ficou sabendo do noivado, que tentou persuadi-la do contrário, mas não soube o que aconteceu depois que ela se foi.
Quando conto que se casou com Lamar, o antigo professor de matemática, minha tia se entristece. Demonstra o quanto sente muito e eu também.
Encontro o meu irmão em sua folga. Tomamos um café juntos e fico de
visitar a sua esposa e o pequeno Charles, meu sobrinho, durante o período em que eu estiver na cidade. Falamos sobre a minha turnê e sobre os negócios na empresa da nossa família. Assuntos distintos, porém, que inusitadamente se complementam.Em uma noite qualquer, o meu lado masoquista manifesta-se e me vejo sentado no mesmo ponto entre as pedras em que celebramos o nosso casamento. Pela primeira vez, me permito sorrir (mesmo entre algumas lágrimas teimosas) com as lindas lembranças que surgem e, ao observar a Lua refletida no mar, entendo que, apesar dos pesares, esses momentos serão eternamente nossos.
Volto para Londres depois de uma semana e marco com Josh, Ryan e Sam de jantarmos e esticarmos para uma bebida. Como Sam vive na França por causa do trabalho na companhia de dança e eu praticamente passo várias temporadas fora do país, são raras as ocasiões em que podemos nos juntar. E como calhou de estarmos todos na cidade, aproveitamos para fazer exatamente isso.
Nós combinamos de nos encontrar em um dos bares de jazz que trabalhei na época do colégio e tem um clima muito bacana.
Às oito, devidamente disfarçado para que ninguém me reconheça e aja um alarde, entro no bar e avisto os meus amigos acomodados em uma mesa perto do palco. Ryan acena com o braço e me lança um sorriso, o qual correspondo; diante os caras que dividiram comigo uma parte importante da adolescência, cumprimento-os com um forte aperto de mãos e um abraço, e sentamos para comer.
Conversa vai, conversa vem, e já estamos nas bebidas.
– Você acha que vida de designer de games é fácil? – Josh replica – Passar horas projetando e testando jogos é um trabalho muito difícil.
– Oh, sim. Claro que é. – debocho, querendo irritá-lo. E consigo.
– Falou o cara que fica dançando de um lado para o outro num palco.
– Eu também danço de um lado para o outro em um palco. – Sam retruca, levando a mão ao peito e fazendo-se de ofendido – Você tem algum problema com isso?
Josh solta um resmungo e bebe da sua cerveja. Sam e eu fazemos um high five.
– Digam o que quiser, porém, o meu trabalho é mais difícil do que o de todos vocês. – Ryan aponta para nós três.
– Sério, até hoje eu me pergunto como raios você se formou em engenharia mecânica. – Josh comenta, arregalando os olhos em falso assombro – Entre nós, quem deveria ter seguido uma profissão dessas era o Bailey ou o Noah, os "nerds" do grupo. Sem contar que você mandava super bem na dança.
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𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃
RomanceAny Gabrielly é uma brasileira que está trabalhando em Londres como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 18 anos, que ainda por c...