Laços de Sangue - Sua Maldição (Completa)

** Nada restou além de Casa **

- "Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida..."

Apago as velinhas e a multidão ao meu redor aplaudem. Eu ri quando eles levantaram suas bebidas derramando sob si mesmos e gritando para a noite.

É um momento de comemoração. A noite é uma criança, o sol se pôs a poucos minutos. As meninas atrás de mim batem palmas, assobiam e gritam, seguindo o exemplo de excitação.

Uma das meninas pegou a minha mão e me arrastou para ir até uma mesa de comidas e bebidas.

- "Vamos Rain! Vamos!" - Áquila está no meio da multidão, seu cabelo tingido de azul a tornou inconfundível. - "Já que o bolo já foi cortado, vamos lá para uma mesa nos sentar." - ela aponta para uma das pequenas fogueiras que montamos em um círculo, iluminando onde a dança acontecerá.

- "Tudo bem." - eu concordei.

- "Depois dançaremos a noite toda!" - ela levantou os braços, seus olhos brilhavam enquanto ela olhava na direção de um grupo de garotos da nossa idade. Nós rimos, as bochechas dela ficaram vermelhas e eu posso afirmar que as minhas também. - "Ah, ai está a faca!"

Uma menina tímida chamada Gem me entrega uma faca longa e afiada, e posso dizer que ela poderia cortar uma seda como se fosse manteiga. Houve uma pausa no som e comoção quando abaixo a faca e corto um pedaço de bolo pra mim. Outra alegria irrompe.

- "Está na hora da festa!" - alguém gritou.

É dezembro.

Hoje é o meu aniversário. Agora tenho dezenove anos embora me pergunte se os meses em que eu fui uma amaldiçoada não contam. Bem, acho que nunca vou saber.

A vida na Antártida tem sido boa. Estou com a minha gente agora. Ex-escravas, ex-mineiros, crianças e idosos. Estamos seguros. A vila é bem organizada, abrigando facilmente uma comunidade do nosso tamanho. Nós plantamos, temos criações de gado, frango, porcos e ovelhas. Temos nossas próprias hortas e cultivamos nossos próprios grãos. A Antártida é uma paisagem vasta, o que antes era neve, agora é terra, colina e vale de gramas exuberantes. Embora a vegetação não seja muito grande, arbustos e plantas curtas e com aparência irregular surgem aqui e ali aleatoriamente. A neve fica mais ao sul, às vezes o vento a trás mas derrete à tarde.

O edifício é bem conservado, sua estrutura é segura, sem sinais de rachaduras ou vazamentos. Postes de luz se alinham entre as casas Não precisamos usar fios elétricos, não temos muita tecnologia. Somente nas estações de armazenamento que são abarrotadas de suprimentos para construir mais cabanas ou consertar aparelhos quebrados. A sala de comunicação esta ativada, um rádio e um holo estão conectados a um servidor privado em algum lugar nas mãos confiáveis de Cyrus ou Dante. Além da linha de emergência, não sabemos mais nada do mundo exterior. Somos auto-suficientes.

Nossa vila fica longe da costa, no caso de um navio perder o curso e passar por nós. No entanto esta ficando maior. De vez em quando, Cyrus volta com um ou dois escravos recentemente libertos, ou com trabalhadores das minas no norte. Nós os recebemos de braços abertos. Alguns de nós, com o coração mais mole, decidem ajudá-los em nossa comunidade e em nossos caminhos; acalmam quaisquer feridas antigas e garantem sua segurança e liberdade. Essas pessoas são as mais altruístas de nós, mas muitas; inclusive eu, estão ansiosos para receber os recém chegados à nossa vida.

Há mais mulheres do que eu esperava quando cheguei. Elas se acumularam ao longo das décadas. Estou junto a Áquila depois de um ano; no breve tempo que nos conhecemos, tivemos uma conexão que Sr fortaleceu dez vezes mais desde então. Ela é brilhante e sorridente, cheia de esperança e alegria. Falamos sobre nossas viagens, nossas experiências nesse novo mundo após a libertação. Compartilhamos nossa paixão, nosso passado, empatia com a dor um do outro. Áquila é uma amiga querida e estou feliz que ela esteja aqui. Ela é alguém novo; alguém que não me lembra das pessoas que perdi. Áquila é o começo de algo novo e convidativo.