** Queime-o **

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Ouvi um grito rouco ecoar do outro lado do corredor. Eu me acordei assustada. Dante já havia se levantado e ido correndo para o quarto de Rufio e eu pude ver a sua silhueta se contorcendo, as mãos estavam estendidas procurando por algo que não estava lá.

Ajudei Dante a tentar acordá- lo, mas ele gritou de novo, o suor escorria por sua têmpora. Isso não era bom. Dante pegou os seus braços e sacudiu o vampiro.

- "Rufio!" - Dante o sacudiu bruscamente, mas o leão continuou se debatendo, suas presas estavam totalmente para fora. - "RUFIO!" - ele gritou. - "Pegue a vela, Rain."

Eu enrijeci enquanto o segurava apreensiva com que eu estava prestes a fazer. Abaixe a vela para a pele de Rufio e nesse momento o cheiro de pele queimada começou a flutuar no ar.

Os olhos de Rufio se abriram selvagens e maníacos. Ele deu um grito sufocado antes de jogar Dante na cômoda ao lado da cama enquanto ele batia na vela que estava na minha mão. Eu pulei antes que as tábuas do piso pegassem fogo e eu as apaguei rapidamente. Estávamos no escuro agora, apenas a fraca luz da lua entrava pela janela.

Quando me virei ansiosamente, a boca de Rufio estava aberta enquanto ofegava alto. Ele pingava suor, uma condição doentia e preocupante de se ver em qualquer vampiro. Esperamos em silencio ate que ele finalmente se acalmou e limpou o suor do rosto e do peito com os lençóis úmidos. Ele esfregou o rosto cansado, seu suspiro ressoou pelo pequeno quarto.

Dante e eu trocamos um olhar. Ele acenou para mim e eu sai sem questionar. Não foi a primeira vez que vimos Rufio tendo um pesadelo durante a noite, mas foi a primeira vez que tivemos que acordá- lo. Ele estava um desastre, e é bom que ele tenha gritado quando ele o fez.

Fui para a sala de estar. Tinha moveis o suficiente e uma televisão em um canto que enchia o espaço. Os caixilhos das janelas estavam lascados com tinta e o piso de madeira estava opaco e arranhado. Era seguro dizer que a casa era extremamente antiga, o suficiente para ser esquecida, e eu não ficaria surpresa que ela fosse deixada de lado por décadas. Gostaria de saber qual foi a última vez que alguém entrou nessa casa antes de nós. Nas últimas três semanas mantivemos a geladeira cheia e compramos roupas e eletrodomésticos novos para manter a casa segura e atualizada. Para todo os efeitos, uma família de quatro morava no lugar. Agora de quatro se tornaram três e houve uma mudança subtil na atmosfera, agora era mais silenciosa e ociosa.

Percorri os canais da TV. Não era um Holo e, portanto, só tinha acesso a canais de filmes antigos que continuavam repetindo os mesmos programas. O amanhecer chegou à algumas horas depois e eu continuava encolhida no sofá esperando pacientemente.

O calor precedeu minhas veias, então senti lábios agradáveis roçando minha bochecha.

- "Bom dia." - o príncipe ronronou. Aquele som delicioso derreteu meu interior e eu me virei para pegar os seus lábios em um beijo.

- "Como Rufio esta?" - eu perguntei depois de um longo beijo.

- "Ele esta bem agora. Ele vai descer daqui a pouco." - ele fez uma pouca com o olhar fixo em meu rosto.

(...)

Rufio sibilou quando Dante ajustou a atadura ao redor de sua mão ruim. A ferida estava cicatrizado tão bem quanto qualquer um poderia esperar. Levaria meses para a pele crescer para fechar a ferida. O sangue ainda escorria e manchas escuras sujaram os curativos que foram substituídos por novos.

Rufio prendeu a respiração e encarou com força o toco onde costumava estar o seu pulso e mão. O príncipe se sentou à sua frente, ajustando as novas bandagens e as tiras de couro que ele havia arrumado para proteger a ferida enquanto ela se curava.

Laços de Sangue - Sua Maldição (Completa)Where stories live. Discover now