O Fruto do Pecado - Livro II

Epílogo

Um ano depois...

Inspira.

Expira.

Inspira.

Expira!

- Júlia você vai infartar antes mesmo de subir ao altar se ficar assim. - Minha mãe tentava me acalmar, ao tempo que eu sentia que iria explodir de ansiedade e nervosismo a qualquer momento.

- E se ele não aceitar? - Ela revirou os olhos.

- Ele te ama Júlia, ele vai te entender e aceitar. Agora pelo amor de Deus! Respira, fica calma ou entrará como uma louca no seu próprio casamento.

Eu não via a hora desse dia chegar. Logo eu que pensava que tudo estava acontecendo tão rápido, sinto que agora os segundos estão brincando com meu nervosismo e a hora de finalmente me tornar a senhora Júlia Bicalho Penegrini Lemos.

- Aí está você! - Disse minha mãe ao avistar o meu pai. Ele estava ótimo! Seu terno azul marinho combinava com seus olhos claros e seu cabelo loiro cheio de fios grisalhos. Que sorte a da minha mãe em ter se casado com ele. - Ela está a beira de ter um piripaque. - Ela ajeitou a gravata dele. - Sabe, te vendo assim, até me casaria de novo.

- Você também está linda morena. - Ele depositou um beijo casto nos lábios da minha mãe. Será que mesmo com todas as adversidades, Gabriel e eu chegaremos a viver um amor pelo menos parecido com os dos meus pais? Espero que sim, pelo menos em partes. - E olha pra você! - Ele se soltou da minha mãe e veio até mim e segurou as minhas mãos. - Sua mãe que me perdoe, mas você é a noiva mais linda que eu já vi.

- Não é justo Lucas! Eu dei a luz naquele mesmo dia, parecia uma orca de tão enorme. - Nós três caímos na risada. - Mas confesso, fizemos um belo trabalho com essa daí. - Disse encaixando seu queixo no ombro do meu pai.

- Como está se sentindo?

- Prestes a ter um troço. - Sorri. - Pai! Preciso de fazer um pedido, um pedido muito importante. E vou entender se disser que não.

- Se você quer ajuda pra fugir sem ser vista, a resposta é sim!

- Não, não é isso. - Balancei a cabeça em negação. - Venha, vamos nos sentar.

- Está me assustando Júlia.

- Desculpa! - Inspira. Expira. Inspira. Expira. - Pai... Meu Deus você irá me odiar!

- Fala Júlia! - Disse firmemente.

- Eu te amo. E mil vezes antes do Gabriel, você é o homem da minha vida. - Ele estava com as sobrancelhas arqueadas, mas eu sei que essas palavras tocam ele. - Sabe o quanto estou feliz por você me levar ao altar? Sonhei com esse momento a minha vida inteira. Não leve o meu pedido como uma ofensa, te suplico! Gostaria que o Pedro entrasse comigo.

- Você está me trocando por aquele assassino? - Se exaltou.

- Não! Não! Claro que não! Nunca! Me expressei mal. Eu me lembro de quando crianças achar um máximo ter dois pais. - Sorri. - E agora eu os tenho de novo, e gostaria de estar com os dois no momento mais importante da minha vida. Quero que os dois entrem comigo! - Ele permaneceu me encarando em silêncio por alguns instantes. - Seu silêncio irá me matar, pai! Olha, vou entender se não quiser, portanto, se você disser que não, assim será. - Engoli em seco.